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Maria do Socorro Santos de Melo

1939 - 2020

Vovó Maria é cheiro na cabeça, abraço tímido e quentinho, conversa na calçada... Vovó Maria é eterna.

As origens de Dona Maria, a Maria de Titico, como era chamada, são desconhecidas. Isso porque ainda bem pequena ela foi adotada por um casal.

Mas isso não a fez menos querida; pelo contrário, a fez firme, dedicada e amorosa. "Vovó sempre será nosso exemplo de fé, de união e de conselho", conta a neta Sara. Dona Maria era tão consciente de seu papel que sempre soube a hora de agir, de parar, de falar e de calar. Caso não soubesse o que fazer ou o que falar, Deus e Nossa Senhora eram seus melhores guias.

"Da última vez que nos vimos, alguns dias antes do seu aniversário, ela estava reclamando que esse negócio (a pandemia) estava impedindo as pessoas de visitarem as outras. Ela repetiu isso mais de uma vez, como se soubesse que eu precisava de um carinho de vó antes de ir embora; pegou na minha mão, depois me deu um abraço e disse: 'Deixe de besteira'. E é assim que queremos nos lembrar dela: a risada tímida mas muito verdadeira, o abraço afetuoso e as grandes celebrações que gostava de ter em casa", relembra Sara.

Maria nasceu em Afonso Bezerra (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Maria, Sara Azevedo Santos de Melo. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 26 de novembro de 2020.