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Maria Doralice Sabino

1951 - 2020

Venceu muitas batalhas e ainda espalhou sua boa energia de mãe, enfermeira e taróloga.

Maria Doralice era batalhadora, uma conselheira experiente e uma alma acolhedora. Foi uma pessoa maravilhosa, que estava sempre à frente do seu tempo.

Trabalhava incansavelmente como Auxiliar de Enfermagem para não deixar faltar nada ao filho, que criou sozinha, e nunca deixou de acreditar na vida, mesmo tendo enfrentado 13 cirurgias de coluna.

Durante sua juventude, sonhava em se tornar jornalista, mas seu pai não permitiu que estudasse. Então, como profissional, destacou-se por ter sido a primeira auxiliar de enfermagem homeopática da Prefeitura de São Paulo e foi nessa função que ela chegou a se aposentar.

Como mãe, proporcionava todo amor e carinho desse mundo ao filho Cássio Rogério, com quem vivia uma enorme cumplicidade. Toda noite gostavam de conversar para saber como havia sido o dia de cada um.

Entre as inúmeras lembranças que Cássio tem da mãe, uma se destaca: “Quando era pequeno, certa vez, fomos à cidade em que eu nasci e minha mãe desceu do ônibus para buscar uma garrafa de água. Enquanto ela estava na lanchonete, o motorista deu partida apenas para deixar outro ônibus sair. Comecei a chorar copiosamente e gritar para que o motorista não fosse embora e deixasse minha mãe para trás. Volta e meia, eu me lembro disso".

Outra história que o filho não esquece ocorreu durante a internação para uma de suas cirurgias de coluna. Ele conta: “Levei minha namorada para conhecê-la enquanto estava internada na Neurocirurgia. Nesta área do hospital também são feitas cirurgias no cérebro, o que muitas vezes afeta o discernimento dos operados durante algum tempo. No momento em que minha namorada e eu abrimos a porta do elevador, um desses pacientes corria ininterruptamente pela ala e os enfermeiros tentavam apanhá-lo. Então, minha namorada, assustada, indagou: 'Sua mãe está assim?' Quando entramos no quarto e contamos o ocorrido, ela gargalhava e dizia: 'Não posso rir, por causa dos pontos', e ria mais um pouco".

Maria Doralice sempre foi muito espiritualizada: jogava tarô e fazia numerologia como poucos. Por vezes, realizava jogos de forma gratuita, simplesmente para ajudar alguma pessoa que estava passando por um momento difícil. Ela também era uma excelente ouvinte e conselheira. Era possível contar com o seu ombro amigo a qualquer momento.

Nas horas vagas, assistia a qualquer esporte pela televisão, desde futebol até jogos de dados. Tinha gosto por canções antigas, interpretadas por José Augusto, Peninha, Maria Betânia e Roberto Carlos. Sua comida favorita era nhoque de frango. Mantinha o hábito de a todo momento fazer um novo café, já que não gostava de bebê-lo com mais de duas horas de preparo.

Cássio Rogério finaliza dizendo: “A melhor mãe que alguém poderia ter tido. Ensinou que nunca devemos faltar com a honestidade e que devemos trabalhar incansavelmente e lutar por aquilo que acreditamos. Tenho certeza de que ela está em um bom lugar"!

Maria nasceu em Planalto (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Maria, Cássio Rogério Sabino. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Larissa Reis em 11 de janeiro de 2023.