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Maria Etelvina Goya Mattos

1947 - 2020

Enfrentou a vida com sabedoria, espalhou belos sorrisos e fez do amor sua maior comunicação.

Um ser cheio de afeto e respeito pela vida. Sempre receptiva, abraçava a todos com seus “olhos azuis da cor do mar” e seu sorriso encantador.

Uma mulher que desde cedo precisou aprender a lidar com as circunstâncias da vida. Mesmo em meio aos desajustes, manteve-se firme, resiliente e corajosa.

“Passamos por muitas dificuldades, mas ainda assim eu tive uma boa educação. Mesmo sendo surda, comunicando-se só em libras, ela soube me educar”, relembra a filha Caroline.

Dona Maria Etelvina era daquelas boas vizinhas, que também pôde contar com a ajuda de bondosas vizinhas: Maria Cendron e Alcenira foram fundamentais na vida da família.

Ela também era apaixonada por animais. Cuidar deles era um dos seus melhores momentos na vida. Todo esse amor foi, então, repassado para a filha Caroline, a quem ensinou, “como ninguém”, sobre a importância de acolhê-los.

“Minha veia tinha suas limitações, mas transbordava de amor. Depois que completei 14 anos, e comecei a trabalhar, nossas vidas foram mudando pra melhor. Aí, ela que virou minha filha. Dei tudo o que eu pude pra ela. Depois que entrei pra enfermagem então, nossa, acho que ela achava que eu ganhava uma fortuna! Só queria, só pedia, e eu dava. Queria ter dado bem mais. Tínhamos tantos planos, mas a senhora se foi antes. Deixou uma saudade enorme, e, de herança, suas gatas”, conta Caroline, carinhosamente.

Dona Etelvina foi realmente um ser único. Uma mulher de fibra, que inspirava todos que a conheciam. Seu amor, sua sabedoria, seus sorrisos largos e seu olhos tão lindos quanto o mar sempre serão abraços para aqueles que tiveram a graça de estar ao seu lado.

Caroline, sua filha, conta, por fim, um pouco sobre a bênção de tê-la ao seu lado: “Mãe, tive o privilégio de ser sua filha, sua mãe, sua técnica de enfermagem. Cuidei de você. Cuidaria e viveria tudo de novo. O Paulo também te teve como mãe. A saudade será eterna, mas eu sei que está bem, pois agora és cuidada por Deus. Afinal, Ele quis tomar um café com você, e te gostou tanto que já te deu até uns bichinhos aí no céu. Juntinho dEle”.

Maria nasceu em Porto Alegre (RS) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado Filha de Maria, Caroline Mattos. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Thiago Santos, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 10 de setembro de 2020.