1942 - 2020
Maria Santa subiu ao céu dançando um baião de Luiz Gonzaga.
Maria Santa não precisou afirmar com toda a convicção que era doida pelo baião: isso ficava evidente para quem a via nas festas do Ceará.
Mesmo com 80 anos se deixassem, dançava forró a noite inteira. Certa vez, escondeu de todo mundo que estava com o joelho quebrado, dançou até as 6 da manhã e só depois que foi embora mancando é que contou sobre o fato para as pessoas. "Ninguém compreendia esse amor e essa energia que ela sentia com a dança", lembra a neta Bárbara.
Mas não era só o forró que fazia essa dona de casa feliz. Maria Francelino, que ganhou o apelido de Maria Santa por ser boa demais, era só amor. Queria que todos estivessem sempre em harmonia. Amou intensamente os 13 filhos (todos eles com nomes começando pela letra N!), os 40 netos, os 20 bisnetos e o cachorro Bethoven.
Maria Santa foi a São Paulo visitar os filhos pouco antes de a pandemia começar e não conseguiu retornar ao Ceará. "Ela voltará pro seu sertão pelas suas cinzas, e iremos fazer uma celebração alegre com a sua chegada. Imagino-a subindo ao céu ao som do Luiz Gonzaga, seu cantor preferido, dançando muito forró", conta Bárbara.
Maria nasceu em Cariús (CE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Maria, Bárbara Holanda Duarte. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Felipe Held, revisado por Rosana Forner e moderado por Rayane Urani em 1 de junho de 2020.