1939 - 2020
Ninguém ficava triste perto dela.
Uma das nossas tantas Marias brasileiras. Maria José teve uma jornada de heroína. Plantou e colheu café ao lado da sua família, vivia na roça todas as coisas boas que essa vida proporciona. Comer a fruta do pé, correr ao ar livre, acordar com os pássaros e conviver com os animais.
Aos 18 anos, tudo mudou ao conhecer seu primeiro grande e único amor, Deoclecio. Agora colhia e plantava café ao lado do amado, no sol e na chuva de São Fidélis. E foi com esse esforço que criou os nove filhos: Ozaira, Dejair, Marli, Isaias, Osael, Isael, Isabel, Ana Cristina e Marco.
Dedicação era uma palavra apenas, esse era seu estilo de vida. Cozinhar era mais que uma terapia, era o amor quentinho no prato para aqueles que amava. Acordava de madrugada para preparar um bolo para um filho, um neto ou bisneto que viria para o café. Isso ganhou um nome: bolo da madrugada.
Amável e solidária, via a vida como uma oportunidade de fazer o bem. Apenas ajudava, acolhia, se doava. Cantava seus hinos, orava para os seus e para os outros. Possuía uma fé no olhar, onde via Deus em tudo. Conversava com as plantas e os sabiás.
Uma pessoa que transpirava tanto afeto, que até da mangueira de seu quintal fez-se nascer lindas e suculentas mangas em sua homenagem. Até ela sente a saudade de quem sempre estava ali para conversar. A saudade da Zezé se estende ao seu marido, filhos, netos e bisnetos.
Maria nasceu em São Fidélis (RJ) e faleceu em Nova Iguaçu (RJ), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Ozaira Almeida da Silva Duque. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Beatriz Moraes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.