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Maria José Candido Santiago

1952 - 2021

Em vez de julgar as atitudes de quem quer que fosse, escolhia olhar para além do gesto, compreender e acolher.

Primogênita de uma família numerosa — com parentesco que se estendia para incluir vizinhos e amigos dos filhos e netos —, sempre tinha uma palavra de carinho e conforto para quem dela se aproximasse.

Era dedicada e inseparável da filha caçula, que tinha Síndrome de Down, a quem acompanhava em todos os eventos e atividades. Mãe e filha formavam uma das duplas mais amadas por onde passavam e permaneceram juntas rumo ao infinito, pois vieram a falecer com apenas dez dias de diferença.

Com o seu jeito doce e acolhedor, procurava, em todas as circunstâncias, compreender as ações e intenções de quaisquer pessoas, sendo considerada por familiares como a apaziguadora oficial da família, para a qual todos corriam quando se sentiam angustiados. E podia ser qualquer um mesmo, até as amizades conquistadas na fila do banco.

Trabalhou como empregada doméstica até se aposentar e, com muito trabalho, sacrifício e dedicação, garantiu um futuro bem diferente para os filhos. Era também uma cozinheira talentosíssima, que sabia fazer maravilhosos doces e quitutes.

A irmã Raquel assim se expressa sobre ela: “Minha irmã mais velha, uma mulher acolhedora, bondosa, batalhadora, tinha sempre uma palavra amiga um braço estendido pronto para abraçar. Minha irmã era o elo mais forte da corrente e é difícil acreditar e aceitar que ela se foi e nem pudemos nos despedir da nossa velhinha querida”.

Maria nasceu em João Pessoa (PB) e faleceu em São Paulo (SP), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha e pela irmã de Maria, Soraya Cristina Candido Santiago e Raquel Souza Candido. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 15 de dezembro de 2023.