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Maria José de Souza Barata

1948 - 2020

Mulher de fibra, costurou um cotidiano de amor, coragem e fé.

Maria José, a “tia Mariinha”, como todos a conheciam, tinha a palavra certa para cada momento. Uma palavra de amor, de conforto ou de força. De coragem, cujo sentido etimológico liga a ação ao coração.

Dona Maria era assim: agia com o coração. Tanto que seu brio e bravura às vezes se confundiam com braveza. A filha Caroline lembra com carinho de seu “jeito duro, das batalhas da vida, com um tom às vezes pesado nas palavras”, mas observa que a mãe nunca deixava de ter um olhar sensível.

A avó que fazia todos os gostos dos netos, a esposa que sempre ajudava o marido no trabalho também era a mulher que, munida de suas máquinas de costura, produzia tantas roupinhas de bebê para a Obra do Berço, na igreja em que era missionária.

Caroline traz na memória imagens do cotidiano de sua mãe: “Dona daqueles gatos que a acordavam todos os dias pedindo comida, dona das fivelinhas que prendiam os cabelos mais rebeldes. Vaidosa, de batom vermelho”. Maria José também era dona de uma fé inabalável. “Fazia das orações sua fortaleza, sua couraça para os enfrentamentos da vida.”

Ao expressar seu amor no cuidado que dedicava a todos e nas palavras que oferecia, Maria José deixa ensinamentos valiosos. “Talvez o maior de todos, o que precisamos agora, esteja na frase que minha mãe sempre repetia: ‘Filha, para cima do medo, uma coragem’.”

Maria nasceu em Campos dos Goytacazes (RJ) e faleceu em Campos dos Goytacazes (RJ), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Caroline de Souza Barata. Este tributo foi apurado por Tatiana Natsu, editado por Tatiana Natsu, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2020.