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Maria José Pereira Santos Barboza

1957 - 2021

Santista, fã de Amado Batista e cozinheira de mão cheia; Dezinha amava blusas coloridas, seus filhos e o único neto.

Santista de coração, na infância a menina Maria José ganhou o apelido de Dezinha. Ainda pequena, perdeu a mãe e já ajudava em tarefas como cuidar da casa, da roça da família e dos irmãos, por quem tinha muito amor.

Aos 20 e poucos anos, a mineira, que era apaixonada por sua terra natal, partiu para São Paulo, onde conheceu Agenor, com quem se casou e teve dois filhos, Gisele e Gilmar. Juntos passaram algumas dificuldades, sendo a maior delas o alcoolismo do marido.

Em 1994, se mudaram para Santo André. O marido Agenor perdeu seu emprego e ela passou a sustentar a casa e a família. Muito trabalhadora, cuidou de muitos idosos por profissão. Cativou muitas famílias com seu sorriso e carinho pelos idosos. Fazia com amor.

Enquanto a filha estudava e cuidava do irmão mais novo e Agenor fazia bicos, Maria José ia trabalhar a pé todos os dias para sobrar dinheiro para o sustento da família. Andava cerca de 12 quilômetros somando ida e volta.

A morte de Agenor, por cirrose alcoólica, em 2011, de quem já era separada após 20 anos de união, deixou-lhe com uma pensão, o que melhorou sua situação financeira e a fez ficar em casa cuidando do seu cantinho e dos filhos já adultos.

Em 2014, a maior alegria de sua vida aconteceu: o nascimento de seu primeiro e único neto Alexandre Agenor, sua paixão, seu amor. Sua vida mudou e se encheu de cor. Fazia tudo pelo neto, a quem chamava de "Meu Xandinho". Seu sonho era vê-lo crescer.

Muito religiosa, conseguiu realizar o sonho de conhecer a Canção Nova. Queria muito ter levado o neto Alexandre, a quem ensinou sobre religião e dizia que seria padre.

Cozinhava extremamente bem, como toda boa mineira. Fazia todos os tipos de comidas e todas ficam deliciosas. Era muito elogiada por isso. Ninguém saía de sua casa sem se alimentar fartamente, fatura era uma de suas alegrias

Gostava muito de blusinhas coloridas. Como sentia muito calor, todas as suas blusas eram sem mangas. Mais nova, gostava tanto de bermudas que ganhou o apelido de Maria Bermuda.

Também gostava muito do cantor Amado Batista, que a lembrava de sua adolescência muito sofrida em Minas Gerais. Nunca tinha visto o mar até 2020 e, quando conheceu, ficou extremamente nauseada e jurou não voltar.

Em 2018, sua filha Gisele entrou na faculdade de enfermagem. Era um sonho de Maria José ver a filha formada, casada e com filhos. Tinha o sonho de ter mais netos.

Todos que a conheceram sempre se lembrarão dela, especialmente, pelo sorriso, bondade e alegria em todos os momentos. Adorava dar presentes e muitas risadas.

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Esta é uma mensagem de Gisele, filha de Maria José, sobre a mãe:

"Algumas vezes ela foi dura com a gente mas hoje percebo que tudo foi para que nos tornássemos fortes para passarmos por esse momento tão horrível. Passaria a vida elogiando ela, meu anjo que pude chamar de mãe.

Eu tenho certeza de que tive a melhor mãe do mundo e a escolheria mil milhões de vezes se fosse possível.

Perdi meu anjo aos 63 anos, cheia de vontade de viver. Meu amor por ela está eternizado no meu coração. Melhor mãe e avó do mundo. Jamais será somente um número. Mãe, nós te amamos".

Maria nasceu em Santo André (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Gisele Pereira Barboza. Este tributo foi apurado por Hélida Matta , editado por Raiane Cardoso, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 22 de março de 2021.