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Maria Júlia Carneiro dos Santos

2000 - 2020

A eterna criança que, logo após acordar, fazia questão de colocar pulseiras coloridas e tiaras.

Juju era puro amor e pureza. Tinha uma síndrome rara e, por isso, nunca falou. Ao menos não da mesma forma que a maioria das pessoas ao seu redor, e isso nunca a impediu de se comunicar à sua própria maneira.

Uma eterna criança, sua principal linguagem era o amor. Gostava de bolsas e mais ainda de brincar de bonecas. É a dinda Keli quem conta que Juju "sabia amar através de atitudes", gostava de distribuir abraços e beijos e de receber a todos com um sorriso estampado em seu rosto. E se ela sentia vontade de se comunicar com quem não estava perto, mandava áudios no grupo da família falando como sabia, se fazendo presente na vida de todos.

Para muitos, era considerada como uma filha. Juju recebia de volta todo o carinho que distribuía, principalmente do avô, sua grande paixão; um laço tão forte que nunca se desfez. Seu Euclides faleceu três anos antes e, sem entender, a neta o esperava diariamente no portão.

Essa sua pureza vai ser sempre lembrada, ajudando a manter viva no coração dos seus a imagem de Juju, o eterno anjinho da família. Partiu em silêncio e sem alarde rumo ao céu, com a escolta amorosa de seu querido vovô.

Maria nasceu em Catanduva (SP) e faleceu em Novo Horizonte (SP), aos 20 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela tia e madrinha de Maria, Keli Simone Carneiro. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 15 de junho de 2021.