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Maria Marluce de Araújo Vasconcelos

1956 - 2021

Felicidade era a mesa cheia de risos e mãos, a repartir o amor, em forma do bolinho de milho da Maria.

Ela era tão inquieta, que parecia criança, tamanha energia que carregava naquele corpo tão pequeno e, contudo, colocava ordem na casa. Assim era a Maria Marluce, que vivia a arrumar coisas para fazer, não importando o adiantado da hora.

Mãe de duas filhas, Roberta Cristina e Carla Janaína, era pequena em estatura, mas arretada que só ela — uma mulher do lar que sempre gostou de trabalhar, que inventava coisas pra fazer o tempo todo e amava cuidar da casa, com suas pequenas reformas; adorava cozinhar e seu arroz fresquinho é hoje o que mais dá saudade, além é claro, da sobremesa que não podia faltar: seu pudim.

Solidária e preocupada com todos, a Maria era de dividir, de compartilhar... Mãe dedicada e, como avó, era do tipo babona e coruja, tinha um amor incondicional pelo neto de dois anos. Também era emotiva e chorava à toa, característica que sua filha Roberta herdou, segundo ela mesma.

Ficava feliz em alimentar as pessoas com geladeira cheia e mesa farta e, quando as coisas faltavam ,tirava do próprio prato para pôr no prato das filhas, e de quem mais precisasse.

Cuidava também das plantas dedicando um carinho especial com conversas diárias, pois dizia que elas careciam disso.

“Mães parecem algo além da vida, que nunca cortaremos o cordão umbilical; esse elo é forte demais e deveriam ser eternizadas! A saudade aperta e só nos resta aceitar e seguir.” diz Roberta.

Maria nasceu em Jijoca de Jericoacoara (CE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Roberta Cristina de Vasconcelos. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Rosa Osana, revisado por Walker de barros Dantas Paniágua e moderado por Rayane Urani em 20 de setembro de 2021.