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Maria Raymunda da Conceição Borges

1938 - 2020

Gostava de acordar muito cedo, tinha uma hora exata para cada coisa a fazer e ai de quem atrasasse em um compromisso com ela.

Maria Raymunda foi mãe de nove filhos, três dos quais já falecidos. Nunca pode conhecer sua mãe nem sua irmã gêmea, porque ambas faleceram no parto.

Foi casada por sessenta anos com Hilton Borges e seguiu com ele ao encontro de Deus, falecendo treze dias após sua partida, também vítima da Covid-19. Passou sua vida cuidando do marido e dos filhos, netos e sobrinhos, e sua casa estava sempre aberta a quem precisasse ficar. A certa altura da vida mudou-se de Bom Jesus de Itabapoana para Cabo Frio, quando grande parte da família escolheu acompanhar o filho mais velho.

Dona de excelente memória, não fazia listas para nada, sabia tudo de cabeça. Com sua saúde de ferro, nunca sentia frio.

Tinha o hábito de tirar todas as fotos posando no formato 3x4. Não falava muito do passado, gostava de focar no agora, embora o olhar sempre estivesse apegado à vida que teve em Bom Jesus.

Na cozinha, fazia a sua famoso papa de milho, sempre regada a canela, e servia a comida em pratos espalhados pela mesa.

A neta Tamires conta que ela certa vez confessou que, se pudesse, seria policial; e também que ela amava ver as garças cortarem os céus no fim do dia, ouvir hinos no seu rádio pequeno e quarar as roupas no sol.

O marido de Maria Raymunda também foi vítima da Covid-19. Para conhecer um pouco da história dele acesse a homenagem a Hilton Borges neste Memorial.

Maria nasceu em São José dos Calçados (ES) e faleceu em Maricá (RJ), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Maria, Tamires da Silveira Borges Cavalcante. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 6 de dezembro de 2022.