1967 - 2020
Cheia de amor e alegria, Selma do Mulungu dançava desde que acordava até a hora de ir dormir.
Conhecida pela família e pelos amigos como Selma do Mulungu, Maria tinha orgulho do povoado Mulungu, lugar onde foi criada. Sempre que escutava o nome de sua terra, imediatamente abria um sorriso largo.
Maria trabalhava como porteira em uma escola estadual, e o seu sorriso contagiante era a primeira coisa que os alunos viam quando se aproximavam da entrada. Trabalhou por anos nesta escola, na qual entrou através de uma prova. Sua rotina de trabalho era extremamente satisfatória, pois tornou-se muito amiga dos professores, dos alunos e dos serventes. Maria sempre foi muito querida.
Suas horas livres eram dedicadas à família, aproveitava o marido, seus netos e seus filhos. Para ela, nada era mais prazeroso do que fazer feijoada, ensopado de carne, galinha caipira e até preparar um churrasco para seus familiares. Sempre teve muito amor para dar e foi assim que cultivou esse sentimento em todos seus familiares. Foi mãe de Leonardo, Larissa e Laís, a quem criou e educou sozinha. Suas outras grandes paixões eram seus netos Miguel e Pedro, ambos com cinco anos, e com certeza essa paixão, amor, carinho e cuidado seriam reproduzidos enormemente a Vicente, neto que Maria não pôde conhecer. Miguel era grudado na avó! Morava com ela e recebeu todos os seus cuidados. Estava com seu marido Manoel há pouco mais de 10 anos, e este casal era sinônimo de cumplicidade e muito amor. Foi a relação mais linda que ela pôde ter tido nos últimos anos. Eles viviam na barra do Itariri, em uma casa de praia. Ela amava peixe e ele era pescador.
Gostava de comer, de dançar, de contar histórias e arrancar gargalhadas de quem estava ao seu redor. Sempre com muita energia, Maria dançava o dia todo, era dona de um verdadeiro alto astral. Para ela não havia tempo ruim, tudo era motivo para dançar e estar feliz. Ao lembrar da mãe, Laís conta que “a maior paixão de minha mãe era viver! Ela viveu todos os momentos como se fossem os últimos.”
Maria nasceu em Esplanada (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Maria, Laís Conceição de Oliveira. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Paula Garcia Corrêa, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2021.