1958 - 2021
Uma amizade que começou numa rua chamada Amor Perfeito e assim se perpetuou por toda a vida.
Patrícia, amiga de Teodozia, descreve com amor e carinho a inestimável e inesquecível amizade que viveram:
Mariquinha não está mais conosco para receber esta homenagem, mas espero encontrá-la na eternidade. Fizemos isso em vida, quando, inúmeras vezes ela demonstrava o seu amor e eu, aos berros, dizia: “Eu te amo minha Neguinha”.
Na minha infância, meus pais alugaram uma casa na Rua Amor Perfeito, no bairro Jardim Popular. O número, não me lembro — afinal, fazem aproximadamente trinta e oito anos. Foi nesse endereço que eu e minha família conhecemos uma tal de Mariquinha. Eu, criança, achava aquele nome engraçado... talvez pela sonoridade da palavra. Com o tempo, esse nome foi deixando de ser engraçado e passou a ser sinônimo de alegria e diversão, pois era isso que representava. A intimidade foi chegando e passamos a chamá-la simplesmente de Quinha.
Naquela casa da Amor Perfeito aprendemos a conviver em família. Dividíamos a mesma casa, pois havia apenas uma porta que separava a minha da dela. Às vezes, aquela porta se tornava invisível para as nossas traquinagens de criança.
No início da minha adolescência mudamos da Amor Perfeito, pois os meus pais conseguiram a tão sonhada casa própria. Nesse novo bairro, que estava começando, havia muitos terrenos à venda, por isso logo fomos novamente presenteados com a presença de Quinha. Não havia mais aquela porta separando a minha casa da dela, pois mudou-se para uma rua abaixo da minha. O convívio, porém, intensificou-se ainda mais: era o café da tarde, o almoço caprichado feito por ela — com aquele cuscuzinho, cujo segredinho só ela sabia. A sobremesa não faltava, sempre inventava alguma: sorvetes, pudins, gelatinas. Era difícil ir embora, porque, além de todas essas gostosuras, existia muito amor, afetividade, alegria e bondade, e assim foi a nossa vida até eu chegar à fase adulta.
Mariquinha foi uma mulher simples. Uma mulher pequenina, mas de coração enorme, onde sobrava amor perfeito. Quero apenas externar esse amor, que falta em tantas pessoas. Nossa história começou assim, Amor Perfeito. Ficou o afeto!
Maria nasceu em Catolé do Rocha (PB) e faleceu em São Paulo (SP), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela amiga de Maria, Patricia de Oliveira Alexandre Vilera. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 31 de maio de 2022.