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Maria Vidal Vital

1928 - 2020

Compadecida daqueles que mais necessitavam, chegou a doar sapatos de pessoas de sua família.

Ela deixou a cidade de Jardim, no sertão cearense, e seguiu rumo a Andradina, no estado de São Paulo. Sonhava em ser professora e buscava uma vida com melhores oportunidades para seus dez filhos e o marido. Chamavam-na de Dona Maria ou pelo apelido de "Mariquesa".

Embora não tenha tido a oportunidade de estudar, Dona Maria "encaminhou os filhos na vida", conforme ela própria gostava de falar. Procurou também ensinar e compartilhar com eles a devoção e a gratidão a Deus.

Era pessoa de grande bondade e desprendimento. Houve vezes, em que fez doação de peças de vestuário de familiares seus a pessoas que mais necessitavam. Quem batesse à porta de Dona Maria, recebia dela a sua compaixão.

Mantinha perto de si a família. "A casa da vó era ponto de encontro nas férias dos netos", conta a neta Andréia. "Durante muito tempo, as festas de família foram celebradas em sua casa".

Vivia preocupada com as pessoas de sua família. Ela sabia que era muito amada também. No hospital, por exemplo, "falava para as enfermeiras que tinha que sair logo, porque seus filhos ficavam preocupados com ela".

Nas despedidas, quando alguém ia embora de sua casa, Dona Maria tinha o hábito de usar uma expressão peculiar: "Seje filiz!", repetindo o modo característico de falar de seu marido.

E é com esse adeus singular que os integrantes da família Vital se despedem dessa mulher generosa.

Maria nasceu em Jardim (CE) e faleceu em Campo Grande (MS), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Maria, Andréia Vital Pereira de Lima Moreira. Este tributo foi apurado por Claudia Saviolo, editado por Ricardo Henrique Ferreira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 8 de setembro de 2021.