1945 - 2021
Com suas mãos habilidosas dava forma a lindos chaveiros e bonequinhas, sua especialidade.
Curiosa e com um espírito pra lá de jovial, Marilda foi uma artesã apaixonada pelo que fazia. Ela era antenada, estava sempre se atualizando e foi fonte de inspiração para sua filha, Marusa, que seguiu os passos da mãe e foi sua companheira inseparável.
Era uma mulher comunicativa e acolhedora, pronta para ajudar quem quer que fosse tanto na vida pessoal quanto na profissional. Para ela, a falta ou não de laços sanguíneos não diminuía em nada o carinho que sempre nutriu por todos os irmãos. Esteve sempre a postos para abraçar e dar carinho incondicionalmente e procurava a todo custo evitar confusões.
Antes de se dedicar exclusivamente à paixão pelo artesanato, foi com seu trabalho na costura que sustentou a família. Fazia chaveiros e bonecas, que deixaram as histórias mais divertidas e ainda dão vida a tantos personagens que atraem as crianças que tiveram a sorte de ter nas mãos uma ou outra criação sua. Cada produção era um convite irresistível para que todos se entregassem à fantasia, fosse você uma criança ou um idoso: ninguém conseguia escapar.
A netinha Isabela fez questão de contar: "Sempre que podia, a vovó assistia televisão comigo e tentava me ensinar artesanato. Sempre que ela via que eu tava triste, ela tentava me alegrar. E conseguia!"
"Apesar de ser a pessoa mais sensível do mundo para mim, curiosamente, minha avó não chorava. Dizia que não conseguia e, independentemente do baque da vida que rolasse, ela apenas demonstrava que se importava com gestos, atitudes e com o olhar... Ah, aquele olhar demonstrava tudo que ela queria transmitir!", diz a neta Evelyn.
Um dos dias mais felizes da vida de Marilda foi seu aniversário surpresa, comemorado por ocasião das sete décadas vividas com muita arte. Na festa estavam reunidos os amigos, os irmãos e os familiares queridos.
"Ela era dedicada em tudo que fazia e, como ser humano, um dos melhores. Foi uma mãe guerreira pra todos e uma avó exemplar. Sempre com um sorriso no rosto e com palavras que amenizavam sejam lá quais fossem os problemas. Passava horas tentando resolver o problema de quem gostava e de quem não conhecia também. Era comunicativa, falante, alegre...", lembra a neta.
Marilda partiu quatro dias antes de sua filha Marusa. "Ambas estão certamente juntas e nos protegendo como sempre fizeram em vida", afirma Evelyn. Após alguns meses do falecimento das duas, a Covid-19 levou também o marido de Marilda para junto da esposa e da filha amada. A história de Marusa Camilla Farias Lopes da Cunha e de Valdenir Lopes também estão guardadas neste Memorial.
Marilda nasceu em Nova Friburgo (RJ) e faleceu em Nova Friburgo (RJ), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pelas netas de Marilda, Monara Farias Lopes, Evelyn Lopes da Cunha e Isabela Lopes de Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 29 de junho de 2021.