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Marileide Chaves de Andrade

1969 - 2021

Era uma verdadeira formiguinha, não resistia a um bom doce, mesmo que não pudesse comê-los.

Ela gostava de ser chamada de Leide e, por certo, "lady" seria a melhor forma de descrevê-la: uma mulher de fino trato, em que delicadeza e gentileza transbordavam. Marileide, mais que uma grande dama, era um exemplo de dedicação e amor ao próximo.

Desde criança ela foi uma pessoa quieta e introspectiva e, por trás de todo aquele silêncio, havia uma alma extremamente gentil e sensível aos problemas alheios, principalmente aos relacionados à sua família.

Sua habilidade e predisposição para se colocar a serviço do outro a conduziu, naturalmente, para a carreira de Serviço Social, profissão que escolheu e abraçou para a vida. Leide não gostava de nada errado e sofria quando se via impossibilitada de resolver os problemas; pois, embora quisesse abraçar o mundo, às vezes, lhe faltava força: a física, jamais a força de vontade.

Suas batalhas foram muitas e todas difíceis: enfrentou com coragem um câncer, que resultou na perda de um pulmão. Mas nada lhe foi tão devastador quanto a perda de seu filho, com dois anos de idade. Apesar da sua dor, queria o melhor para os seus e para todas as pessoas: do seu sofrimento, só aos mais próximos deixava saber, embora muitas vezes silenciasse para não os incomodar. Afinal, com eles queria partilhar amor, não tristeza.

Gostava de assistir com entusiasmo e fé às missas de Padre Fábio de Melo e de Padre Marcelo Rossi; com seu olhar doce e coração generoso amava cozinhar, fazer artesanato, conversar, assistir novelas e programas de culinária; amava doces e os comia, apesar de serem proibidos em sua dieta.

Milena terá sempre a lembrança da tia querida, que partiu, não sem luta, não sem embate, e que "descansou nos braços do Pai e agora é uma estrela linda e brilhante a iluminar nossas vidas".

Marileide deixa amigos, parentes, filha e uma enorme saudade.

Marileide nasceu em São Felipe (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Marileide, Milena Soares de Andrade. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Rosa Osana , revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 30 de novembro de 2021.