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Mário Amaral Balsamão Filho

1957 - 2021

Soube viver com muita sabedoria e deixou lições sobre perdão, gentileza e alegria de viver!

Nascido na pequena Inimutaba, interior de Minas Gerais, Mário mudou-se, na juventude, para a vizinha Curvelo e posteriormente para Sete Lagoas, onde conheceu Rejaine, com quem se casou. No decorrer da vida, acabou tendo uma ligação maior com esta cidade, para onde retornava com frequência.

Os dois se conheceram num um bar denominado Lobo Mau. Namoraram durante três anos e permaneceram casados outros trinta e sete. Marido excelente, esforçava-se para que os seus tivessem uma vida feliz e sem privações, colocando sempre em primeiro lugar o bem-estar da família. Para isso, trabalhou arduamente durante toda a vida, muitas vezes renunciando ao seu próprio conforto, garantindo assim que tivessem provimentos até para o caso de lhes faltar algum dia.

Foi o melhor pai do mundo para Roselaine e Raphaela — a "rapinha do tacho" —, sempre preocupado em lhes proporcionar o melhor. Mantinha-se presente em todas as circunstâncias e representava seu porto seguro.

Em relação aos netos, Giovanna, Carol e Mário Antônio — nome dado em homenagem ao avô —, fazia questão de agradá-los e de participar de seu dia a dia passeando com eles em shoppings, parques, praças e em viagens a praias. Realizava todos os desejos deles, tanto que, quando queriam algum brinquedo, era para o avô que pediam, pois sabiam que ele lhes presentearia assim que possível.

Gostava de reunir todos para um churrasco ou realizar alguma viagem de férias em família. Como bom mineiro, apreciava cidades litorâneas e estâncias hidrotermais. Conheceu lugares como Guarapari, Natal, Recife, Porto Seguro e Caldas Novas e, na última viagem familiar, foi com as duas filhas e os três netos para Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

Nas horas vagas, além dos churrascos e das viagens, gostava de encontrar os amigos para beberem uma cervejinha e de jogar truco com os irmãos e familiares. “Para o meu pai, qualquer ocasião era motivo de festa: comemorava desde o aniversário de pessoas queridas, passando por Natais e Anos-Novos, até a data de nascimento de animaizinhos de estimação, como cachorros e papagaios. Tudo era pretexto para reunir familiares e amigos para um churrasco. Ele tinha prazer em ter quem gostava por perto”, contam as filhas.

O seu maior desejo era que todos da família estivessem sempre felizes. Além disso, por gostar bastante de viagens, sonhava em visitar mais praias do Nordeste e conhecer alguns países.

Trabalhou por mais de trinta anos concursado como segurança no metrô de Belo Horizonte. Encontrava muita satisfação com o que fazia, gostava de seus colegas e colecionava histórias no seu dia a dia, sendo uma das mais marcantes o caso de uma senhora que entrou em trabalho de parto no metrô: o bebê não esperou a ambulância chegar e veio ao mundo pelas mãos de Mário! Em agradecimento, a mãe deu ao recém-nascido o nome dele, para homenageá-lo.

As filhas o definem como tendo sido, essencialmente, um homem de princípios, gentil com todos, dono de um coração gigantesco e que estava sempre alegre. Gostava muito de escutar as músicas do Raul Seixas e a canção sertaneja "Galopeira". Torcia para o Cruzeiro e suas comidas favoritas eram churrasco e torresmo, de preferência acompanhados de doses de cachaça.

Diante de tantas boas memórias de coisas vividas com o pai, as filhas têm até dificuldade em selecionar fatos mais marcantes. Ainda assim, Roselaine destaca: “Nos mudamos para Belo Horizonte quando eu já tinha feito 1 ano. Por algum tempo, a condição financeira de nossa família era difícil. Então, o meu pai deixava de comer o lanche que recebia no trabalho para trazê-lo para mim. A grandeza desse gesto me marcou profundamente porque evidencia que o que mais importava para ele era estarmos felizes! Também fizemos uma viagem sozinhos, só ele e eu, para Foz do Iguaçu”.

Raphaela, por sua vez, conta que suas recordações mais marcantes são das viagens. "Lembro-me dele correndo atrás da bola na praia e de nos fazer andar por mais de duas horas após sua decisão de almoçarmos no primeiro restaurante que víssemos. Além disso, fica na memória as comemorações dos seus aniversários e a alegria dele e dos netos quando brincavam juntos. Ele e eu também fizemos uma viagem sozinhos, para Porto Seguro”.

Entre os ensinamentos inesquecíveis deixados pelo pai, estão o aprendizado e a busca pelo perdão; a honradez para entrar e sair de qualquer lugar; a ajuda ao próximo e, principalmente, o amor pela vida e o foco em ser feliz.

Ele era o herói e a alegria de sua família! Deixou um vazio enorme e não há um dia sequer, após sua partida, que as filhas não sintam sua falta!

Mário nasceu em Inimutaba (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas filhas de Mário, Roselaine Balsamão e Raphaela Balsamão. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 7 de maio de 2023.