1960 - 2020
Vovô Mário realizou o sonho de abrir uma escola aos 56 anos.
Mário possuía a cara de carrasco que enganava qualquer um. Humilde e brincalhão, seu coração era enorme.
Pai de 5 filhos e avô de uma pequena princesinha, a Maria Tereza — ou “Tetê”, como ele carinhosamente a chamava. Seu xodó. Para onde fosse, carregava sua netinha consigo, falando e se gabando para quem quisesse ouvir.
Melhor amigo dos filhos. Com ele, qualquer conversa era sem medo. Para qualquer assunto, seus ouvidos eram acolhedores.
Experienciou poucas e boas durante a vida, de motorista de carro coletor a motorista de ônibus. Seu maior objetivo era proporcionar a melhor educação para os filhos. E conseguiu: todos os cinco construíram seus futuros, encaminhados na vida.
Seu Mário e Dona Josimar eram o mais lindo casal, conectados por ideais de vida e por alma. Aos 56 anos, colocou na cabeça e não desistiu até realizar o sonho de abrir uma escola junto à esposa.
Foi fundador da Escola CELUR. O nome era uma homenagem à sogra, que considerava sua segunda mãe: Centro Educacional Lourdes Reis. Os alunos o chamavam de “vovô Mário”, tamanha sua compaixão independente de laços familiares.
Apaixonado por verde, decidiu construir um pomar no seu quintal. Uma semana após sua partida, uma preguiça surgiu nos galhos de suas plantas. Ao acariciar o animal e entender o que Mário sentia quando zelava pela natureza, sua família encontrou um consolo para a saudade interminável.
Mário nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Mário, Letícia Braule. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ana Beatriz Fonseca, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 3 de junho de 2020.