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Mário Luís Schneider

1963 - 2020

Churrasco improvisado, pastel de feira ou viagem à praia... diversão para ele só tinha graça com a família.

Ele era o caçula de cinco irmãos e quando perdeu o pai tinha apenas cinco anos. Cresceu na roça, em meio a brincadeiras simples, como jogar bola e pião, e amava carros.

Mudou-se para São Paulo ainda jovem para trabalhar, e durante vinte anos exerceu a função de zelador em um prédio residencial, no bairro da Bela Vista, onde era muito querido por todos. Ele também sabia utilizar sua criatividade para consertar as coisas.

Quando chegou na Capital, Mário Luís foi morar com sua irmã Sidene no bairro do Jabaquara, e ali na vizinhança conheceu Cícera, uma jovem cearense que também residia na cidade para trabalhar. Os dois foram apresentados e ela, menos tímida e mais corajosa, foi quem o convidou para sair pela primeira vez. Começaram a namorar e quando ela engravidou de Beatriz, a filha mais velha, os dois foram viver juntos. Assim permaneceram por trinta e dois anos e tiveram ainda os filhos Bruna e Cláudio.

Ele sempre foi muito presente: procurava ficar com a família o maior tempo possível; nem precisava esperar o fim de semana para fazer um belo churrasco de almoço ou jantar, e tomar a cervejinha que tanto apreciava.

A filha Beatriz conta que ele era bondoso, companheiro, tinha um coração grande e uma personalidade forte. "Amava os netos Júlia e Gustavo e sempre que possível ia buscá-los para passear, comer fora, ir ao Ibirapuera, brincar no parquinho próximo do prédio onde residia e trabalhava, ou para passar o fim de semana com ele.

"Nós todos sempre tivemos um bom relacionamento com ele. Tínhamos um sítio em São Roque e quando este foi vendido, meu pai fazia viagens para o interior ou para a praia, que as crianças adoravam. Quando dava, ia à feira com eles para comer um pastel. Até ir ao mercado era passeio: as crianças amavam e ele fazia tudo o que elas queriam."

Vivia rodeado de amigos. Alguns o chamavam de Alemão, devido ao seu porte físico: alto, loiro, de olhos azuis; outros, pelo sobrenome, Schneider, conforme costume na Região Sul.

Como lazer ele possuía o hábito de pescar e, principalmente quando os filhos eram pequenos, costumava levá-los aos pesqueiros, sempre acompanhado de um amigo.

Gostava muito de "turistar", conforme conta Beatriz: "Visitava o Santuário de Aparecida com frequência. Ia sempre passear no Paraná e já tinha ido até o Rio Grande do Sul também. Nas viagens mais curtas estávamos sempre todos juntos. Em São Paulo, costumávamos ir a Mairiporã para passar o fim de semana em um sítio que alugávamos".

Além disso, todos os anos ele viajava de férias para Santa Catarina, para passar o seu aniversário com a mãe, Norma, que nascera no mesmo dia e contava com 92 anos quando ele faleceu.

Com sua generosidade, todos os momentos vividos ao seu lado se tornaram memoráveis, e ele será sempre lembrado, principalmente nos trajetos que fazia com a família em suas inúmeras viagens.

Mário nasceu em Tigrinhos (SC) e faleceu em São Paulo (SP), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Mário, Beatriz Schneider. Este tributo foi apurado por Saory Miyakawa Morais, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 2 de dezembro de 2021.