2015 - 2020
O chaveirinho do papai e o anjo da mamãe, vive eternamente no murmúrio do vento e das águas do mar.
Um menino anjo olhou na direção da Terra e disse para Deus, pouco antes de seu nascimento:
“A minha viagem por lá não será muito longa, eu sei disso, mas será eterna e inesquecível. Eu quero aquela mamãe, aquele papai e aquele irmãozinho. Posso?" Deus sorriu, assentiu e respondeu: “Eles eram a minha escolha para você, Mathias!”
Era uma criança dócil, educada e que amava esportes. Talvez os esportes que praticava fossem na verdade uma ponte, ou uma trilha, já que ele gostava muito de natureza, para poder acompanhar o pai. Ficava encantado quando ele o chamava de "meu chaveirinho", "meu amigão" e "meu companheiro". Também gostava de dormir abraçado ao seu cachorrinho e seu gato, ambos feitos de pelúcia. Eles eram seus talismãs para que seus sonhos fossem tranquilos.
Mesmo com apenas quatro aninhos, o garotinho capixaba aprendeu um bocado de coisas. Aprendeu a amar com sua mamãe, com seu irmão e com o papai. Aprendeu a lutar com o jiu-jítsu, que praticava todo santo dia, e foi com essa garra que venceu a leucemia. E de goleada, porque também era fã de futebol. Aprendeu a contornar tais turbulências da vida com a canoa havaiana dos finais de semana e a admirar os pássaros com a pipa que fazia voar. Aprendeu a construir castelos nas areias da praia, onde também adorava correr.
Mas ele também teve o que ensinar. Ensinou que o tempo não precisa necessariamente ser longo para ser eterno e especial. Ensinou que o amor é muito mais do que dizem! Ele é realmente infinito e forte o bastante para quebrar as barreiras da vida e da morte. E quando o anjo retornou ao céu, foi correndo ao encontro de Deus e lhe ofereceu um abraço bem apertado.
“Obrigado pela família que me deu na Terra.”
“A escolha foi sua, Mathias! Não se lembra?”
“Claro que sim!”
“E o que de melhor você trouxe de lá?” – perguntou Deus ao menino anjo.
“O amor que meus pais e meu irmão sentem por mim.”
“Como sabe que eles te amam, Mathias?”
“Eles me amam e pronto! Eu sei disso! Eles cuidaram de mim, me ensinaram a viver e a lutar! Até adotaram uma gatinha em minha homenagem. Deram a ela o nome de Maisena.”
“E como sabe disso, Mathias?”
“Porque eu leio todas as cartinhas que eles me escrevem!”
Mathias nasceu em Vila Velha (ES) e faleceu em Vitória (ES), aos 4 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo pai de Mathias, Rodrigo Bascunan. Este tributo foi apurado por Débora Alves, editado por Ricardo Valverde, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 17 de dezembro de 2021.