1952 - 2021
Sabia muito sobre caminhões e estradas do Brasil.
Caminhoneiro desde os 18 anos, Mauricio construiu sua vida, formou e sustentou a sua família viajando dia e noite pelas estradas do nosso Brasil. Não só conhecia as estradas, como sabia tudo sobre mecânica de caminhões e passava parte de seu tempo mexendo, arrumando, melhorando e inventando. “Viajávamos muito com ele de caminhão e, assim, conhecemos muitos lugares”, relembra Fernanda, sua filha.
Apaixonado pela família, aproveitou muito a infância dos dois filhos. Não perdia a oportunidade de jogar bola com eles, fazer os carrinhos de rolimã, levar para pescar, acampar, andar de bicicleta e outras aventuras. Já na juventude deles, fazia questão de levar para festas de peão, bailes e shows. “Ele tinha uma caminhonete e levava a turma toda para os eventos e, por isso, todos os nossos amigos gostavam muito do nosso pai”, conta a filha.
Com a chegada dos netos, Ricardo e Diego, nasceu também um avô muito companheiro e amigo. Sempre que retornava de suas viagens, fazia questão de ligar para os meninos e programar o final de semana. Não podia faltar os passeios de bike, as arrumações do caminhão e o churrasco.
Fernanda conta que seu pai era o melhor amigo de seu filho, Ricardo. Os dois eram inseparáveis e se
houvesse algum conflito entre mãe e filho, lá estava Mauricio para ajudar a encontrar a solução. Ele sabia como ninguém a melhor forma de lidar com o Ricardo e fazê-lo entender o que a mãe tentava e não conseguia.
Amava atormentar o Diego, só para vê-lo falar: "Ô vô, eu não gosto disso", com a voz grossa. “Nos almoços de domingo, meu pai e eu ficávamos oferecendo tudo o que o Diego não gostava, só pra ver ele bravinho”, relembra Fernanda.
Ricardo, com seus 19 anos, comprou seu primeiro carro, deixando o avô ainda mais orgulhoso. Aos finais de semana, os dois passavam horas e horas mexendo nele. Com Diego, nos sábados de manhã, saía para andar de bicicleta e voltavam cheios de histórias para contar do que viam pelo caminho.
Comilão, gostava de tudo, mastigava o dia todo quando estava em casa, o que muitas vezes irritava a esposa, pois ele não parava um minuto de abrir a geladeira e os armários atrás de comida. Quando não tinha o que fazer, tirava tudo da geladeira pra ver o que tinha e guardava tudo de novo.
Mauricio era forte devoto de Nossa Senhora Aparecida e do Divino Pai Eterno e por vezes viajou com a família para Aparecida, em São Paulo e para Trindade, em Goiás. “Uma viagem muito marcante, foi uma das vezes que fomos para Trindade. Meu pai foi com um caminhão-baú e dormimos dentro dele. Foi uma grande felicidade para meu pai e para mim também, pois éramos muito parecidos, gostávamos das mesmas coisas, tínhamos uma sintonia fortíssima”, orgulha-se Fernanda ao lembrar que seu pai era seu melhor amigo, confidente, conselheiro, seu herói e seu orgulho.
Assim como o braço esquerdo de Fernanda carrega o dizer “filha de caminhoneiro”, seu coração carregará para sempre o amor por Maurício: “Grande homem, pai, amigo, avô, trabalhador. É assim que eu quero que ele seja lembrado”.
Mauricio nasceu em Neves Paulista (SP) e faleceu em São José do Rio Preto (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Mauricio, Fernanda Joia Rosa. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de dezembro de 2021.