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Maurício Oscar dos Santos Immisch

1970 - 2021

Sua voz forte, grave e intensa se transformava em gostosa gargalhada ao contar piadas.

"O melhor pai que se poderia ter. Cuidava da família inteira com um coração gigante", diz a filha Nathalia. Ele possuía o hábito de telefonar, várias vezes ao dia, apenas para saber se estava tudo bem com as pessoas que ele amava. Nessas oportunidades, era frequente perguntar: "Já disse hoje que te amo?"

Ainda jovem, trabalhou na função de radialista, quando sua voz se evidenciou marcante. Também se destacava pela estatura: era um homem enorme, de quase dois metros de altura.

Era apaixonado por filmes e sabia detalhes a respeito de suas séries prediletas. Nas premiações do Oscar, ele acertava os palpites com boa margem de segurança. Curtia maratonar em casa, em frente à TV, envolto em um cobertor gostoso e com a pipoquinha ao lado.

Amava ir ao cinema e não sentia vergonha de se empolgar durante a projeção do filme. Houve ocasiões em que ele vibrou com um "Uhu!" espontâneo e alegre. Mostrava-se calmo e frio diante das cenas tensas dos filmes de terror, emocionando-se com muitas das animações destinadas ao público infanto-juvenil.

Gostava muito de tirar fotos, para registrar todos os momentos da vida. "Quando todo mundo já estava cansado de tanto tirar fotos, ele dizia: 'Depois vocês vão me agradecer'", revela Nathalia.

Sentia-se realizado ao viajar e encantava-se com a possibilidade de vir a conhecer o mundo. Fez muitos planos de viagem, imaginando intensamente viver algumas delas.

Seu prato predileto era o bife à parmegiana e, na sobremesa, amava saborear a versão caseira da "banana split", com o sorvete servido em sua caneca.

Amava a banda inglesa Queen, assim como a pop norueguesa A-ha. Quando era mais novo, tocava violão. Costumava contar uma história engraçada. Dizia que participara de um show no colégio, com uma música que ele próprio havia feito e que só algum tempo depois percebeu que já conhecia aquela música: era uma canção do cantor canadense Bryan Adams. Em seu relato sobre o episódio, Maurício alegava que a semelhança entre as duas composições se dera por via inconsciente.

"Nutria muito amor por seus cachorros. Brincava muito com eles, retribuindo com afagos e abraços as expansivas demonstrações de afeto e lealdade daqueles seus amiguinhos".

"Deixou sua coleção imensa de filmes e uma saudade ainda maior", diz Nathalia.

Maurício nasceu em Recife (PE) e faleceu em João Pessoa (PB), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maurício, Nathalia Cristina Machado Immisch. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Ricardo Henrique Ferreira, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 15 de setembro de 2021.