1991 - 2020
Festejar! Do nascimento à aposentadoria, não faltavam razões para sua alegria em celebrar a vida.
Menina quieta na infância e namoradeira na adolescência, "ela era só alegria". Junto com a irmã mais velha, Camila, divertia-se nos ensaios da escola de samba. Levava em seu sorriso a vontade de viver e celebrar a vida. "Em todas as festas, tinha o dedo dela", conta sua mãe, Rosa.
É também Rosa quem recorda que quando a sobrinha de Mayara nasceu, a filha logo se encarregou de organizar uma festança para a chegada da irmã, Nayanne — sua melhor amiga e confidente — e da nova integrante da família, a pequena Luiza.
E não foi diferente quando o pai se aposentou. A conquista de concluir a carreira militar como tenente, no mês do seu aniversário, merecia uma festa surpresa. Rosa conta que essa comemoração foi diferente para a filha, não por ter sido a última festa que Mayara organizou, mas porque "o sonho dela era ver o pai se aposentar, ele era o seu herói".
O apego com a mãe estreitou-se mais ainda quando Mayara passou a ajudá-la a preparar marmitas para as pessoas em situação de rua. Eram mais de 300 marmitas por semana e Mayara ajudava em tudo, desde a arrecadação das doações, a preparação, até a finalização, lavando a louça. Emocionada, a mãe lembra que a filha lhe dizia que se orgulhava muito dela, porque ela fazia caridade.
A May, como todos a chamavam, era dona de um sorriso encantador e só deixava a alegria de lado por um único motivo: "se estivesse com fome", revela Rosa. A mãe conta ainda que a filha "fazia um brigadeiro e um estrogonofe de frango como ninguém", e que essas eram as suas especialidades culinárias. Tanto que as amigas Thaise e Amanda sempre lhe pediam para fazer esse estrogonofe e eram atendidas.
A filha, irmã, amiga também se tornou mãe. Mayara deixou duas sementinhas: Júlia e Gabriel, as grandes paixões da sua vida, a razão de sua labuta. Mamãe May amava proporcionar momentos de alegria aos filhos, levá-los para passear no shopping, brincar no parquinho, viajar, fazer festa do pijama com cachorro-quente.
A força da sua alegria vinha da sua persistência, expressada na frase: "Enquanto eu tiver um por cento de chance, terei 99 por cento de fé", que era repetida em todas as suas redes sociais.
Assim foi sua luta pela vida. Rosa lembra que Mayara sempre dizia: "Mãe, eu preciso viver!", como se soubesse que sua partida estava se aproximando. May agora vive como o "anjo do sorriso mais lindo", eternizada em todas as lembranças, tatuada nos corações e sobre a pele do irmão caçula, Dudu.
Mayara nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 29 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela mãe de Mayara, Rosa Maria Nascimento Valério. Este tributo foi apurado por Rosimeire Seixas, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 21 de dezembro de 2021.