Mirlene Miranda Xavier

1942 - 2021

Ela se adaptava a qualquer lugar, como quem tem a paz e a convicção de que nada é melhor do que o aqui e o agora.

Conhecida como Vó Gordinha, Dona Mirlene ou simplesmente Amor, ela deixou seis filhos, dez netos e nove bisnetos, todos eles com pelo menos uma sementinha de compaixão no coração.

Com sua forma amorosa de ser, tudo o que ela tocava virava abraço, carinho, acalanto e prece. Ela tinha cura pra tudo, receita pra tudo e amor para dar e vender. Preocupava-se com todos e zelava por cada um, desde o motorista do aplicativo até o bisneto mais novo, cuidando de todos igualmente. Sua boca vivia dizendo "tadinho" para toda dor — uma palavrinha que, combinada com um chazinho ou uma quirelinha, era solução para todos os males.

Sorte de quem a encontrou pelo caminho ou pôde dividir um pequeno momento da vida com ela e que dela recebeu um carinho feito com suas mãos enrugadas pelo tempo e que sempre tornava a vida mais leve.

Ela era uma cidadã do mundo e sua casa estava onde podia arrumar algumas gavetas, onde tinha um doce escondido ou onde pudesse escolher o sabor da pizza.

Nicoli, uma de suas netas, desabafa saudosa: “O futuro chegou rápido demais para você, não deu tempo de fazer tudo o que gostaria para todos os seus filhos e muito menos para os netos, que são tantos que os nomes se embaralham na sua cabeça branquinha".

"Cada suspiro seu faz falta, cada frase de efeito faz falta, cada ligação que durava três horas faz falta e provavelmente nunca vai deixar de fazer. Mal sabia ela que tudo o que queríamos era sentir um abraço bem forte, o cheiro de laquê de cabelo e a voz doce a dizer alguma palavra errada só mais uma vez. Nós te amamos, e nunca haverá ninguém à sua altura.”