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Moacir dos Santos

1939 - 2020

Costumava questionar "tem algum docinho aí?" e era sempre prestativo com todos. Estas foram suas grandes marcas.

Carinhosamente conhecido por Darci.

Amava mexer em carros velhos e essa paixão veio porque ele trabalhava em uma empresa que mexia muito com automóveis como caminhões, tratores entre outros. E teve como profissão ser encarregado da empresa.

Há 20 anos trabalhava com transporte escolar e as crianças tinham um afago enorme por ele e era chamado carinhosamente por uns de Tio Moacir e por outros era vô Moacir.

Era casado com Luciene Ferreira dos Santos, por 58 anos e tinham dois filhos: Roselene e Moadir. Darci conhecia sua esposa desde criança – pois moravam em sítios próximos e faziam tudo juntos: consultas médicas, mercado.

Criou a neta Thalita com muito amor e dedicação, para quem foi a base emocional. Era um homem exemplar, uma pessoa admirável. E agora será lembrado pelo bem que fez. A neta relata que ele foi mais do que avô, pois foi ele quem a criou e também ajudou na criação do seu bisneto e filho da neta Thalita, o Vitor Hugo – o piá da casa como ele chamava o bisneto – era o xodó dele. E tinha outra neta chamada Mariana que ele estimava e gostava quando em suas férias ela vinha para sua casa.

No café da manhã usava três canecas para fazer o café, era um ritual que marcou muito sua neta Thalita. E as manhãs na sua casa eram engraçadas e divertidas.

Ele tinha um grande apreço por sua família e seus carros velhos que ficavam na garagem – que mesmo em dias de folga, de descanso estava ele embaixo dos carros, sujo de graxa, mas amava fazer isso e cuidava deles como filhos.

Darci é daquelas pessoas que gostava de cuidar de tudo. Ele tinha o costume de todos os dia molhar a horta e era o fiscal da casa em desperdício de água, de luz.

Ah, como ele gostava de assistir uma novela e sempre se emocionava nos finais, mas dormia no meio da novela e quando era chamado atenção por estar dormindo dizia: “– não tem ninguém dormindo aqui não” e isso era motivo de risos. E também estava curioso com esse mundo virtual, adorava ver fotos de familiares, ver lugares por onde trabalhou.

Era diabético, era muito cuidadoso com a saúde. Mas sempre esperava sua esposa não estar próximo para dar uma escapadinha e pedir um doce. “Perguntava quietinho, baixinho, longe da minha avó: "Tem algum docinho aí" e apreciava um pudim - relata sua neta.

Pessoa calma, de fala mansa, amigo de todos. Sempre disposto a ajudar o próximo, prestativo, e sua maior virtude era ser honesto e gostar de ajudar o próximo. Na vizinhança de onde morava, todos que precisavam dele batiam a sua porta e com seu belo sim, ele estava pronto a ajudar. Era uma pessoa organizada com suas anotações e trazia uma ternura no olhar. E ainda guardava uma linda devoção por Nossa Senhora Aparecida.

Era uma pessoa carinhosa que tinha uma frase marcante “Oi fia, tudo bem?" Relata sua neta Thalita.

Moacir nasceu em Matão (PR) e faleceu em Volta Redonda (RJ), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Moacir, Thalita Amorim. Este tributo foi apurado por Patrícia Garzella, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 27 de novembro de 2020.