1950 - 2020
A sabedoria tranquila da vida ribeirinha.
No rio Jaci, em Rondônia, Moacir pescou muitos tambaquis e jatuaranas. Era conhecido na região. Com o trabalho da pescaria e do garimpo sustentou sua grande família, fruto de dois casamentos.
Também era na beira do rio onde aliviava o calor nos dias quentes. Quando seu filho Francisco saía para o garimpo e ficava muito tempo sem dar notícias, Moacir, sem se importar com o fato de que seu filho já era um homem adulto, pegava sua canoa e seguia rio abaixo para saber se tudo estava bem.
Adorava os filhos e netos. Dizia: “Não é porque eu não tenho estudo, que vocês não vão ter”. Gostava de construir carrinhos de madeira para carregar os netos e, com umas tábuas que ganhou, planejava construir uma balsa para sair navegando com a família.
Zeloso com suas coisas, consertava seus pertences enquanto fosse possível. Andava com sua bicicleta antiga e dizia para sua sobrinha, Maria Auxiliadora, a quem amava demais: “Tá andando, tá funcionando”.
Um homem calmo, sábio, para quem a felicidade da família vinha em primeiro lugar. Essa é a lembrança deixada por Moacir.
Moarcir nasceu em Porto Velho (RO) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela nora de Moarcir, Mariza Muniz Rodrigues. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Raul Galhardi, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de agosto de 2020.