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Mônica Corrêa Vargas da Silva

1966 - 2021

Fez da enfermagem sua profissão de fé na solidariedade humana.

"Ela realmente gostava de gente". Para uma técnica em enfermagem, não poderia haver constatação mais bonita do que essa, feita por uma filha ao descrever a própria mãe, Mônica, que, além de cuidar do próximo ministrando medicamentos e realizando procedimentos rotineiros, "também tinha o dom de curar com palavras positivas", garante Raissa.

Ao longo de seus trinta e três anos de serviço público na linha de frente hospitalar, sendo vinte e seis deles dedicados ao Hospital Estadual Rocha Faria (quinze anos no CTI), onze na CCIH e mais sete no Hospital Estadual Eduardo Rabelo, a carioquíssima Mônica realmente serviu ao público com excelência.

"Mamãe era a alegria em figura de gente, um doce de pessoa. Onde chegava gostava de conversar", diz Raissa. Ao mesmo tempo, a aposentada jamais fazia alarde acerca de sua alma generosa. "Muitas histórias ela contava para mim, filha, mas não falava nada para os outros. Caridade era o lema de vida dela. Foram diversas as vezes em que doou quantias para os pacientes depois de terem alta, tanto para pagarem a passagem quanto para comprarem alimentos, pois se encontravam em situação de miserabilidade", revela.

A simplicidade também fazia parte da rotina de Mônica e por isso ela era tão querida e conhecida pelos internados, colegas de trabalho, vizinhos e familiares. "Mamãe tinha personalidade autêntica e irreverente. Se eu pudesse descrevê-la como uma personagem, seria a dona Hermínia do filme 'Minha Mãe é uma Peça', do também saudoso Paulo Gustavo", acrescenta Raissa.

Na aposentadoria, Mônica manteve-se ativa, cozinhando — seu grande passatempo — e participando dos encontros na comunidade espírita que frequentava. "Com certeza, mamãe segue trabalhando nos hospitais das colônias espirituais...", reflete a filha, que não esconde a dor pela ausência da supermãe: "Ela faz enorme falta aqui na Terra. Quem dera, por um descuido de Deus, você, mãezinha, pudesse retornar agora. Saudades eternas dos seus filhos, Caio e Raissa, e do seu marido Moisés".

Mônica nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Mônica, Raissa Corrêa Vargas da Silva. Este tributo foi apurado por Luciana Assunção, editado por Luciana Assunção, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 9 de novembro de 2021.