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Mônica França dos Santos Machareth

1958 - 2020

Mudou até de cidade para poder paparicar o neto e mimar a filha, com deliciosos pés-de-moleque.

Era muito carismática, conversava com todos o tempo todo. No trabalho, em casa, na rua, não importava; bastava alguém cumprimentá-la com um olá, um bom dia, um sorriso ou um simples acenar de cabeça, e lá estava ela, pronta pra mais um dedinho de prosa, e não havia quem resistisse à Moniquinha.

Ela era a mais velha de quatro irmãos: Marcelo, Maurício e Mirian, e conheceu o Gilvanni, seu marido, na papelaria do pai dela, quando ele comprava material. Fizeram faculdade na mesma instituição. Ela cursava psicologia e ele, engenharia. Foi amor à primeira vista. Apesar das diferenças de temperamento, ele, muito sério e ela bem extrovertida, eram muito companheiros e se respeitavam mutuamente. Deste relacionamento nasceu a Camila, sua única filha.

Como psicóloga a Mônica trabalhou com crianças com deficiência por algum tempo e, após ser aprovada num concurso público para Caixa Econômica Federal, virou bancária, e como tal, atuou até sua aposentadoria.

Vaidosa, tinha pavor de ficar com o cabelo desarrumado e ia bastante ao salão de beleza. Gostava de cuidar da casa também, de decorá-la com porta-retratos, velas, cristais, flores, e adorava pão de queijo. Ela fazia pé de moleque como ninguém e sempre que a Camila ia visitá-la, preparava pé de moleque para ela.

Frequentava um centro de espiritismo na época que morava em Epitácio, onde desenvolvia muitos projetos sociais como: doação de cestas básicas, roupas e orações.

Moniquinha era uma mãe dedicada e, pela filha, fazia de tudo, até intercalar sua estadia entre o próprio lar, que dividia com o marido, e a casa da Camila, a fim de ajudá-la a cuidar do João Miguel, seu neto tão amado, que nasceu de 31 semanas e ficou internado 40 dias numa UTI neonatal.

Quando a Camila fez residência Médica, em outra cidade, a Mônica, já aposentada, se mudou para a casa da filha para cuidar do neto até que ela terminasse. E nos plantões da Camila, a avó coruja estava sempre por perto. À noite, a vovó Mônica contava histórias ao netinho, até que ele dormisse.

“Minha mãe tinha um amor por mim sem explicação. Ela movia montanhas por mim. O vazio que ela deixou nunca será preenchido", diz a Camila, que sente que não perdeu apenas uma mãe, mas a melhor mãe que poderia ter tido.

Mônica nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Catanduva (SP), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Mônica, Camila Machareth chrsitovam. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Rosa Osana, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 10 de julho de 2021.