1960 - 2020
Essa carioca era a generosidade em pessoa, da gargalhada mais gostosa que já se ouviu.
Sabe aquele pão que, mesmo por foto, "cheira" deliciosamente? Pois é, a Mônica era especialista. Assim como na massa do alimento, ela depositava sempre muito amor e determinação em tudo que fazia. Entregava-se por inteiro. Amava amar. Fosse pelo lugar onde morou por tantos anos - o bairro do Recreio, no Rio de Janeiro - e pelo qual lutou muito (afinal, os guerreiros não são assim?); fosse pelo amor de uma vida inteira com Frederico ou Fred, como preferia. Os quarenta anos construídos juntos, muito juntinhos, trouxeram ao mundo a amada Victória , a quem chamava carinhosamente de Vicky, símbolo concreto de que tinham se tornado “um”.
Dormir sem se reconciliar com o amado? Nem pensar!
Mônica era aquele tipo de pessoa que ninguém esquece. Voluntariosa, nunca deixou de ser generosa e de uma alegria que contagiava mesmo. Ninguém conseguia superar aquela gargalhada longa e que varava quarteirões!
Zelosa pelos seus, era dedicadíssima ao bem estar de sua mãe, muito idosa e que sofre de Alzheimer. Quantas não foram as idas e vindas do hospital com ela...
Histórias engraçadas não faltam , como quando a “lua” fazia curvas atrás do carro, ao voltarem de uma festa, há muito anos atrás, para se descobrir, ao estacionarem em frente de casa, que se tratava de um policial militar amigo, que os comboiava e garantia a segurança de ambos.
Eram outros tempos…
Mônica, Moniquete para Fred e Mummy para Vicky, se foi na mesma cidade em que nasceu.
Não quis ser entubada sem antes mandar um recado de reconciliação , amor e cuidados para com aqueles que amava.
Certamente, nenhum vírus vai ser mais forte que o contágio do amor e da alegria com que soube viver. Esses permanecerão eternamente na memória e no coração de quem amou e daqueles que a amaram. Exatamente como o perfume de seus pães, no ar.
Mônica nasceu Rio de Janeiro (RJ) e faleceu Rio de Janeiro (RJ), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Cristina Magalhães, em entrevista feita com marido e filha Frederico Lage e Victória Lage, em 22 de maio de 2020.