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Myrthes Bacelar da Silva Chaves

1929 - 2021

De rouge, batom, perfume e espelhinho na bolsa, estava sempre pronta para tudo.

Ela era a matriarca da família Chaves, mulher resiliente, otimista e acolhedora. Gostava da casa cheia, da mesa farta e da companhia dos filhos e netos. “Fique aqui o tempo que você quiser e o tempo que você precisar. Enquanto eu viver, minha casa será sempre sua, a qualquer hora do dia e da noite. Não deixe ninguém te dizer o contrário”, era uma das coisas que dizia.

Foi casada com o advogado criminialista, Raul Afonso Nogueira Chaves, já falecido, com quem teve quatro filhos: Maria Ângela, Reine Marie, Raul Afonso e Eliane Maria. Além deles, amou como filhos a Ivone e o Antônio Luiz, seus enteados.

Amava passear no shopping e viajar. Como gostava de viajar! Sempre pronta para o que fosse, nunca largava a bolsa quando saía. “‘Estou de bolsa na mão’, era o que ela dizia sempre que nos esperava para fazer algo”, lembra a neta, Ludmila. Muito educada e vaidosa, estava sempre de brincos, colares e perfumada.

Além de Ludmila, Myrthes viveu na companhia de mais oito netos: Rafael, Daniel, Ângela, Adriano, Paulo Fernando, Guilherme, Maíza, e a mais novinha, Letícia. Ah, e sem esquecer, é claro, de seu bisneto, o amado “Luquinhas”. Não à toa amava as festas de família e os aniversários, quando podia ter todos ao seu redor.

Myrthes era calígrafa e tinha o dom da mais linda escrita gótica. Os convites de casamento que produzia, impecáveis, lhe renderam até aparições na televisão!

Em família, a caligrafia de Myrthes rendeu as mais belas lembranças e hoje ajuda a amenizar a saudade. É assim que Ludmila se sente quando olha para o presente que ganhou da avó, uma mensagem, um conselho, para uma época de atribulações quando ainda cursava a graduação em Medicina. “Lud, seja forte, ponderada e otimista quando algo lhe parecer melancólico e de difícil solução”.

Myrthes tinha essas características, era uma pessoa resiliente e otimista. “Bons tempos virão, tudo vai acabar bem”, ela costumava dizer.

E é com essa esperança de que ficará bem que a família Chaves segue, entristecida com a perda, mas com a leveza das lembranças de uma existência bela e bem vivida.

Myrthes nasceu em Macajuba (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 91 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Myrthes, Ludmila Chaves Fonseca. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 17 de agosto de 2021.