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Naara Campos de Souza

1995 - 2020

Jovem e determinada, ensinava português para refugiados. Sem notar, ensinou a todos como combater injustiças.

Como estudante de Relações Internacionais, Naara envolveu-se desde o início do curso com a temática do refúgio. Ela foi uma das quatro estudantes que atuaram no primeiro Curso de Português para Refugiados que a Cátedra Sérgio Vieira de Mello e a UFABC ofertaram, ainda no ano de 2016.

Sempre muito dedicada a tudo o que fazia, Naara dedicou-se de corpo e alma a esse projeto de ensino da Língua Portuguesa para estrangeiros vulneráveis e refugiados que chegavam ao nosso país naquele momento.

Em um texto sobre ela, a equipe da Cátedra assim a descreve: "menina doce e meiga, sempre disposta a ajudar os demais, trabalhando no projeto arduamente, e acolhendo aqueles migrantes de forma muito carinhosa".

Sua mãe, Eva, traz a visão de quem deu à luz e trouxe ao mundo toda essa potência. "Uma filha que só me deu orgulho. Ficaria falando suas qualidades por dias. Guerreira, parceria, exemplo de integridade, caráter impecável, determinada, estudiosa, ah, como amava estudar!", ela diz, e lamenta a partida dessa filha tão amada.

Eva agradece a Deus por lhe ter permitido a honra de ser mãe de Naara por estes anos e por Ele lhe ter confiado "essa joia tão preciosa e rara". E ela diz, para Deus mesmo: "Agora eu a estou devolvendo, com muita tristeza e dor, porque ela é Sua, não é mesmo, Pai? Até breve, minha filha, meu amor".

Fica a saudade, imensa, e esse sentimento intraduzível que é ver alguém tão jovem partir. Uma mistura de saudade com até breve.

Naara nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 25 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela mãe de Naara, Eva Souza. Este tributo foi apurado por Jonathan Querubina, editado por Larissa Cirino, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.