Nelcy Maria de Jesus

1954 - 2020

Ela gostava das coisas simples e celebrava a vida todos os dias.

A vida toda ela fez o que gostava. E é claro que havia coisas de que não gostava, como ver suas filhas e os netos tristes, ou ver faltar o básico para uma jornada digna. Mas, para essas, a Dona Nelcy, virava as costas, como nos passos do forró, que tanto apreciava: fazia um oito, dava um passo atrás, outro à frente, aproveitando a caminhada com muita graça e, depois de vencida a batalha, fazia uma saída para o lado, com elegância e um cruzar de pernas, em comemoração à vida.

Dona Nelcy, era uma mulher forte e batalhadora, que lutou muito para criar as duas filhas e vê-las formadas. Amava-as incondicionalmente, assim como a seus três netos que ajudou a criar.

Além das filhas e netos, que fazia questão de manter sempre por perto, gostava de ter a família reunida: irmãos, sobrinhos e também os amigos. Era alegre e de uma energia sem igual: gostava de dançar forró, brincar com os netos, ir à igreja, costurar, assistir as novelas; e também de comer ovos e galinha com quiabo. E fazia planos: sonhava comprar uma casa e voltar para seu bairro, Campo Grande, na cidade capixaba Cariacica.

Nada lhe tirava o sorriso do rosto, nem mesmo as adversidades, como o infarto que teve em 2014, ou o câncer que enfrentou quatro anos depois. Venceu a ambos, com muita fé. Não era pessoa de reclamar, só de agradecer. Mesmo em isolamento após ter sido infectada pelo novo coronavírus, seus pensamentos eram para os seus: preocupava-se com o bem-estar da família e dos amigos. "Ela era o amor em pessoa", conta sua filha Viviane.

Dona Nelcy deixa saudade do seu espírito de criança, sua humildade e caráter, que serão sempre lembrados.