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Nelson Sebastião da Silva

1939 - 2020

Se existiu uma pessoa que valorizava as pequenas coisas da vida, essa era ele. Viveu para amar os seus.

Russo para os amigos, tio Lelé para os sobrinhos, como o Jairo. Nelson foi um homem para lá de especial. Muito ligado à madrasta, a quem tinha como mãe, acabou por segui-la a caminho da eternidade poucos dias depois que ela se foi.

Jairo descreveu o seguinte depoimento para seu tio:

Foi um "bom malandro"... Sempre respeitou o outro e exigia com toda essa "malandragem" que também o respeitassem.

Rico, muito rico; em amizades, em prazeres da vida, em boas energias e também em sabedoria.

Carioca e boêmio, sempre rodeado de amigos.

Na infância, viveu em colégio interno e quando saiu sobreviveu mais na rua que em casa.

Foi menino pulador de bondes...

Foi jogador de futebol pelo São Cristóvão, mas amador. Craque, ambidestro e muito inteligente, não teve, porém, o devido reconhecimento.

Uma passagem interessante dessa época foi ter enfrentado o Telê Santana numa disputa de pênaltis (só tinha um batedor oficial por time), bateram 32 pênaltis e o vencedor foi o Telê...

Era um "viajante". Viajava por entre os bairros cariocas, por cidades Brasil afora e até por países sul-americanos. Conheceu o Uruguai e a Argentina.

Seus olhos verdes e sua conversa admirável conquistavam muitas admiradoras.

Ultimamente passou a me visitar bastante. Minha caipirinha era, além do nosso amor, o elo para uma boa conversa.

Um tio simples e sábio... Um bon vivant.

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O depoimento de Jairo revela seu afeto, sua admiração e a saudade imensa que tem do tio e da avó. Perdeu os dois para a Covid-19. “Ambos não conseguiram transferência para uma UTI. Ficaram doentes no ápice da pandemia e não havia leitos disponíveis para os dois”, lamenta.

Sobre a beleza e a delicadeza de seu relato, Jairo afirma: “A simplicidade de ambos me ajudou nas lembranças!”

Nelson nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado de Nelson, Jairo da Silva Barbosa. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Hélida Matta, revisado por Paola Mariz e moderado por Hélida Matta em 16 de agosto de 2020.