1939 - 2020
Mulher à frente de seu tempo que nunca esquecia sua fina raiz ao irradiar o quão alegre a vida poderia ser.
"Grupo de crochê... que nada! Ela ia era atrás de cruzeiro de navio, de viagem de avião, de festa à fantasia", recordam as netas Haula e Debora.
Viajasse por lugares, tempos e pessoas ― de navio, avião ou fantasia ―, desdobrou a vida para fazê-la caber na velhice. De olhar carinhoso e, sobretudo, revelador de uma mente extremamente perspicaz, sabia que poderia ocupar todos os lugares que quisesse, mesmo os que a ela não tinham sido originalmente marcados na mesa da existência. Bastasse dar o jeito que sempre deu para alcançar.
Sem nunca confundir educação e soberba, era de "finíssima raiz". Ensinou sua abertura para vida aos cinco filhos, 18 netos e oito bisnetos que teve. Com a casa sempre cheia, era quando se reuniam todos nas festas de Natal que sentia irradiar ainda mais a alegria que lhe era habitual.
Jamais perdeu a chance de ser e estar feliz. Nas viagens que amava realizar, na aparência que amava tornar impecável, expressava-se. Além de divertir-se com os aniversários temáticos que planejava, com as histórias que sempre fazia vivas ao ouvinte, com as fotos que tirava. Dançava de modo a alegrar os espaços e, com mesmo ânimo e avidez, adorava ganhar conhecimento sobre as coisas, cada vez mais e mais.
Não que não falasse na lata seus desaforos, que não perdesse a paciência e não gritasse vermelho, mas que, acima de tudo, floresceu como uma mulher à frente de seu tempo. Neusa, dona de um pensamento agudo, um abraço quente, um jeito acolhedor e observador.
Neusa nasceu em Garça (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelas netas de Neusa, Haula Chaaban e Debora Chaaban de Oliveira. Este tributo foi apurado por Yasmim da Silva Tabosa, editado por Maya Matta Lopes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 1 de janeiro de 2021.