Nilza Ramos de Carvalho

1950 - 2020

Gostava de ficar quietinha ouvindo rádio, sonhando em ver o ídolo Roberto Carlos naqueles shows no navio.

Nilza era ainda pequena quando começou a aprender a lidar com as adversidades da vida. Criada pela avó paterna, não desfrutou do convívio da mãe. Saiu de casa ainda na adolescência. Casou-se aos 23 anos com Sebastião, com quem teve as filhas Adriana, Cláudia e Shirley.

Na companhia de suas meninas, Nilza encontrou forças para seguir em frente após ficar viúva aos 36 anos. Com as filhas pequenas e sem apoio, estava sempre na luta para cuidar das crianças ― e fez isso muito bem.

Adriana conta que a mãe só passou a curtir a vida um pouco mais quando as filhas começaram a ajudá-la. Sua trajetória repleta de desafios deixou muitas marcas, que eram esquecidas por ela especialmente nos momentos em que Nilza estava na companhia dos netos Carlos Eduardo, Vinícius e José, que tinham o poder de animá-la.

As canções do ídolo Roberto Carlos também conseguiam deixar Nilza alegre.

Católica, Nilza até gostava de ir à igreja, mas preferia ficar em casa na companhia do radinho. A vontade de ajudar os outros se sobrepunha ao seu autocuidado. "Era uma luta para levá-la ao médico e fazê-la tomar os medicamentos”, conta Adriana. Insistência que Nilza sabia reconhecer quando dizia: “Só Adrianinha tem paciência comigo!”.

A dedicação às filhas e aos netos foi o maior trunfo da vida de Nilza. Como se para celebrar essa vitória buscava seu aconchego na companhia da família e, como conta Adriana, gostava quando estavam todos reunidos. "Agora, fica a saudade”, encerra emocionada a filha.