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Norminda dos Reis Alves

1948 - 2020

Empreendedora, esteve sempre à frente da “Norminda Modas”, ensinando as filhas a serem independentes e felizes.

Portuguesa, moradora da cidade de Chaves, Norminda chegou ao Brasil aos 13 anos para morar com uma tia. Era uma época muito difícil para a família; então decidiu, ainda tão novinha, partir de navio com pessoas conhecidas após a vinda do irmão mais velho anteriormente.

Aos 15 anos, morando no Rio de Janeiro, foi trabalhar na Ilha das Cobras, em uma lanchonete dentro da Marinha. Tempos depois trabalhou no almoxarifado da Beneficência Portuguesa, onde conheceu o homem que viria ser seu esposo.
Sempre falou sobre a vontade de ter seu próprio negócio e prosperar. Aos 23 anos se casou e foi morar no fundo da loja de roupas que abriu para começar a vida.

Ser comerciante estava “no seu sangue”, e o sucesso da loja “Norminda Modas” possibilitou a compra do primeiro apartamento, três anos depois.

Gerou duas filhas, a primeira nasceu e foi morar na casa que ficava atrás da loja com os pais, a segunda já morou no apartamento conquistado com o suor do trabalho digno. Norminda amava o que fazia, e sempre exaltava para as filhas o quanto o serviço era importante na vida. Exerceu seu ofício nessa loja por quinze anos.

Suas conquistas vieram do seu trabalho, e aos 35 anos conseguiu voltar a Portugal - pela primeira vez -, para rever sua família. Viajou com as filhas Isabel e Simone. Isabel conta que comemorou seu aniversário de dez anos nessa viagem, e sua irmã era um ano mais nova na época: “foi bem emocionante para ela pelo que me lembro. Lembro que viajamos bastante, pois meu pai é igualmente português e fomos visitar a família dele, apesar de ele não ter ido conosco. Também fomos a Paris, pois uma prima que morou no Rio junto com a minha mãe voltou para Portugal, e depois foi morar em Paris. Rever os pais e os irmãos foi uma alegria na vida dela".

Gostava muito de conversar e a relação entre mãe e filhas era bem próxima, "muito boa" segundo Isabel; "todo domingo almoçávamos na casa dos nossos pais". Norminda dizia às filhas para nunca dependerem de marido e sempre as incentivou a estudar e trabalhar. As meninas estudaram em escola particular, cursaram inglês, praticaram ballet, e tiveram tudo o que foi possível pelo esforço e vontade da mãe.

Tinha retornado a Portugal outras vezes, porém estava com uma viagem programada para a Itália, Espanha e Portugal que se realizaria em maio de 2020. Iria até se separar do grupo da viagem e ficar uns dias com as irmãs, mas infelizmente não foi possível.

Norminda era a referência da família, sempre ajudou todos ao seu redor. Suas filhas e netos foram a razão de sua vida; e em 2020 completou 50 anos de casada.

"Minha mãe foi um exemplo de força e coragem. Aceitou o que não podia mudar na vida e lutou pelo que podia. Ajudou a quem estava ao seu redor e dedicou sua vida a nós, sua filhas."

Norminda nasceu em Chaves (Portugal) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Norminda, Isabel Cristina Alves de Moraes. Este tributo foi apurado por Saory Miyakawa Morais, editado por Karina Zeferino, revisado por Ana Macarini e Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 20 de agosto de 2021.