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Olga Assunção Caetano

1930 - 2020

Sob os cabelos brancos como algodão, hoje misturados às nuvens, foi mulher resiliente, corajosa e acolhedora.

"Ela sempre tomava banho quando eu estava chegando, porque dizia que eu ia cheirar o cangote dela. Ela precisava estar cheirosa", conta a neta Silvia. Seu sonho era ver todos os filhos e netos bem, felizes e saudáveis, amando e sendo amados. Nunca mediu esforços para garantir que tudo ao seu alcance estivesse nos conformes. Sempre amou costura, bordado, cozinhar e, especialmente, estar com a família.

Tinha uma capacidade incrível de lidar com mudanças. Para Olga, nada era estranho, errado; tentava entender ou, no mínimo, respeitar. "Conversávamos sobre tudo ao redor daquela mesa de três metros de comprimento, palco de tanta afeição, amor, risadas...", diz a neta.

Foi exemplo de resiliência, mesmo sem saber o significado da palavra. Seus cabelos, brancos como algodão, hoje se misturam com as nuvens, lá no céu. Silvia finaliza refletindo: "Deixou muito dela em nós e levou um pedaço nosso com ela".

Olga nasceu em Luz (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 90 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Olga, Silvia Caetano Lacerda. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Daniel Schulze e moderado por Rayane Urani em 10 de novembro de 2020.