1928 - 2020
Com lágrimas e sorrisos, costurou a vida de forma íntegra, cuidadosa e cheia de afeto.
Olimpia veio de uma família muito humilde, enfrentou muitas dificuldades, mas conseguiu se estruturar bem na vida. Foi uma costureira de mão-cheia, trabalhou por muitos anos em uma indústria automobilística, costurando bancos de carros.
Aprendeu a importância de sempre recomeçar. Devido à profissão do marido, que era caminhoneiro, teve que mudar muitas vezes de cidade. Morou em cidades como Sorocaba, Tupã e São Paulo. Sempre teve uma vida muito movimentada. Apesar disso, deu cor às intempéries sorrindo e se adaptando.
Criou e assistiu os quatro filhos, nove netos e 11 bisnetos. Foi uma mulher de raça, destemida, que soube saborear o melhor que a vida tinha a oferecer.
Encontrou no sítio um lugar de sossego, onde podia exercer seu mais profundo afeto, o cuidado. Era muito preocupada com todos. Cuidava das plantas, dos cachorros e de toda a família. Na memória das netas, está a doce lembrança da vovó ensinando a pintar pano de prato, bordar, passar roupa, dobrar a gola da camisa e até a fechar pastel com o garfo. Olimpia fazia questão de honrar o papel sereno de avó.
Era guiada por uma fé e trajetória que eram só dela. Compunha seus próprios louvores, e cantava pela casa. Para os familiares, é um doce alento ao coração, recordar essas canções. Dizia sempre que: “se sua fé for do tamanho de um grãozinho de mostarda, já é o suficiente". A simplicidade e a pureza foram as marcas características nos ensinamentos de uma mulher que muito viveu.
Na memória de Priscila, está a viagem que vovó Olimpia fez com os netos para Tupã. Nas palavras da neta, que expressam o sentimento de todos que foram cativados por Olimpia, “é um orgulho dizer que, nas minhas células e na minha vida, carrego um pouco dessa senhora”.
A vovó costureira, que tanto foi amada, segue presente nas mais carinhosas lembranças, jamais será estatística.
Olimpia nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Olimpia, Priscila de Oliveira Cocco. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ygor Expedito Gonçalves, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de julho de 2020.