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Patrícia da Silveira Pereira

1983 - 2020

Para toda situação, ela achava uma saída. Uma boa amiga, daquelas que todo mundo quer ter por perto.

Essa é uma carta aberta de Elisângela, grande amiga de Patrícia:

Patrícia era uma pessoa de riso fácil, estava sempre sorrindo mesmo nos momentos difíceis. Até quando estava triste, achava algo positivo na situação e sorria da mesma forma.

Era a melhor confidente, sabia guardar bem os segredos e dava os melhores conselhos. Tinha sempre dicas para dar quando alguém precisava: como boa mãe que era, sabia as datas dos espetáculos infantis, os preços dos ingressos e dos brinquedos, onde havia promoções de fraldas e leite e onde comprar os melhores presentes. Além disso, conhecia roteiros de viagens, com preços e todas as informações necessárias, como onde comer e os passeios a se fazer.

Organizava as melhores festas de aniversário, pensando em cada detalhe. Nunca deixou passar uma data importante sem comemoração. Era superantenada e sensível, inteligente, divertida, prestativa, criativa e solidária, e estava sempre disponível para ajudar a resolver o problema de alguém. Com ela, se podia conversar sobre qualquer assunto por horas.

Era alfabetizadora, e trabalhou como professora por mais de dez anos, tendo sido muito dedicada na profissão. Ia além de exercer apenas as suas atribuições e ensinava mais do que ler e escrever aos pequenos. Educava valores: o amor e a amizade. Era amiga dos pais dos alunos, dos colegas de trabalho, uma pessoa muito querida e fácil de se gostar.

Amava muito a sua família: sempre cuidando dos pais, da avó, dos sogros, da sobrinha. Namorou e casou com o seu grande amor, com quem viveu vinte e dois anos de cumplicidade, sendo quatorze de casados. Tinham uma união linda, da qual nasceu sua única filha, tão desejada, tão amada e bem cuidada. Pati era uma esposa amorosa e uma mãe exemplar: corria com a filha para a escola, aulas de balé, de natação, médico, catequese, aniversários dos amiguinhos, festinhas da escola, enfim, ocupava verdadeiramente e com muito amor o papel de mãe. Tratava a filha como uma princesa.

Gostava de viajar e era apaixonada pelo mar, nele era onde ela renovava as forças para começar um novo ano. Gostava muito das reuniões de família, e de um almoço, um jantar, um churrasquinho com os amigos... Ah, e era fã de um docinho.

Patrícia também tocava violão, foi professora de música por muitos anos, ensinando as crianças a tocarem o seu instrumento preferido. Cantava no coral da igreja, trabalhava com os casais da sua paróquia e era devota de Nossa Senhora das Graças. Tinha muita fé em Deus, na vida e nas pessoas. Deu a lição de vida a todos que a conheceram que devemos lutar sempre e acreditar no melhor, no amor e que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que fazem o bem.

Patrícia nasceu em São José do Rio Preto (SP) e faleceu em São José do Rio Preto (SP), aos 37 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Patrícia, Elisângela Ferreira Prates de Albuquerque. Este tributo foi apurado por Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, editado por Elisângela Ferreira Prates de Albuquerque, revisado por Paula Queiroz e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2021.