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Patrícia Silva de França

1978 - 2020

Apaixonada por animais, essa mulher sincera e corajosa adorava ao Senhor com todo coração.

Patrícia, amorosamente conhecida por Paty Japa, por conta da descendência japonesa, era uma mulher desbravadora que lutou por uma vida de vitórias e superações junto ao seu amado Anderson. Sabia que o ápice era ter uma vida segundo os preceitos de Deus e, assim ela viveu. Evangélica de fé inabalável que orava e adorava ao Senhor sempre e incansavelmente.

Apreciava viajar, ir à praia, usar um batom vermelho e mudar sempre o estilo do cabelo. O marido relembra: “Já era linda, porém chamava ainda mais atenção por ter descendência japonesa”. Gostava de comer qualquer tipo de peixe, mas o frango com quiabo feito pela avó ─ já falecida ─ sempre foi sua comida predileta. “Amava música e cantava, mesmo sendo desafinada”, relembra Anderson, carinhosamente. Sem sombra de dúvida, era uma mulher de gostos peculiares e que sabia apreciar o simples da vida.

Cursava Farmácia e trabalhava há mais de quinze anos na coordenação dos enfermeiros dos postos de saúde, na cidade fluminense de Paracambi.

"Pessoa simples, perfeccionista, detalhista, boa ouvinte, conselheira de mão-cheia, animada, amiga, organizada, corajosa e verdadeira ─ essa era uma grande qualidade, pois as pessoas ao redor se apaixonavam pela sua sinceridade, ajudava todos que podia. Eram tantas as virtudes, que faltam palavras para definir a grandiosidade dessa mulher", afirma Anderson.

Partiu deixando a filha Brendha de 18 anos, a união de vinte anos com Anderson, a mãe Jeanete, dois irmãos ─ Jonathan e Amilton ─, e milhões de pessoas que amavam e admiravam muito Patrícia.

Paty Japa tinha um amor materno pela avó Terezinha, falecida em 2018, que a criou com muito amor. A avó era chamada de "mãe" por Patrícia e sua partida para a Casa Celestial foi bem marcante para a neta.

O marido recorda de uma situação engraçada da esposa: “Por ter pés pequenos ─ nº 33 ─ era difícil calçar sapatos de salto alto e andava sempre com uma toalhinha, pois suas mãos e pés suavam muito”.

Seus maiores sonhos eram terminar a faculdade e dar o melhor para a filha, mas os planos do Senhor foram outros e hoje ela está na eternidade olhando pelos que aqui ficaram.

Era apaixonada pelos animais. O marido acrescenta: “assim que a conheci, dei a ela uma gata que ficou sendo nossa filha até o nascimento da Brendha. Depois veio o Snoopy ─ ela o amava demais. Também admirava os peixes". Enfim, era apaixonada pelos bichinhos e estar perto deles a deixava feliz.

Gostava muito de passear e adorava um bom filme com a família. Era de muitos amigos, sempre festejava os aniversários, tudo era motivo de festa e diversão.

Saudoso, Anderson conta: “Nós nos conhecemos na escola, em 1996. Foram quatro anos de namoro e duas décadas de casamento”.

Lindas histórias de amor começam de formas inesperadas. O romance de Anderson e Patrícia não poderia ser diferente: tudo começou quando ele foi transferido para a escola onde ela estudava e, como as aulas já haviam iniciado, Anderson caiu “literalmente” de paraquedas na sala da amada, sem imaginar que aquela transferência iria dar bons resultados. No primeiro dia de aula, sentou-se na carteira onde Patrícia costumava se sentar – sem saber, é claro ─ e ela, muito ousada e sincera, não mediu palavras e foi até o novato para pedir que trocasse de lugar. Ele não se intimidou, e respondeu que naquele assento não tinha nada escrito. Anderson se levantou, mas pediu que ela esperasse. Então, pegou a carteira para sentar em outro local, deixando para Patrícia apenas o espaço vazio.

Os amigos acabaram pegando uma outra carteira para Patrícia e, assim como esse primeiro encontro, o início não foi fácil. Com a convivência e ao se conhecerem mais de perto, um sentimento mais nobre brotou em seus corações e ambos tiveram a oportunidade de se conhecer e de iniciar um lindo romance que rendeu muitos frutos e experiências maravilhosas. No dia 15 de janeiro de 2021, o casal formado após uma primeira impressão nada promissora, mas que ainda transbordava amor, faria bodas de zircão ─ a simbologia do zircão, remetendo aos 21 anos de casamento, é de uma união resistente e transparente, como foi a relação de Anderson e Patrícia.

Em agosto de 2020, a Banda Aiude ─ da qual Anderson é um dos integrantes ─ fez uma linda live homenageando a mulher forte e sábia que foi Patrícia. “Já passei por muitas coisas nesta vida, mas a pior dor é a dor da perda, então, ame enquanto há tempo; abrace, perdoe e celebre enquanto é tempo; chore com a pessoa amada enquanto é tempo”, diz Anderson com o peito cheio de saudade.

Patrícia será lembrada por ser essa pessoa desbravadora e de fé inabalável. Hoje, ela está na eternidade louvando ao Senhor pela vida maravilhosa que teve e pela oportunidade de desfrutar as coisas simples da vida ao lado das pessoas que amou.

Patrícia nasceu em Paracambi (RJ) e faleceu em Paracambi (RJ), aos 41 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo marido de Patrícia, Anderson Luiz de França. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira e Denise Pereira, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.