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Paula Almeida

1955 - 2020

Enfrentava os problemas com um sorriso constante, dizendo: "Chorar pra quê, se eu posso rir"?

Tia Paula, como era carinhosamente chamada, espalhava amor por onde passava, e muito desse amor era demonstrado por meio da arte.

Ela amava fazer artesanatos, transformava objetos reciclados em lindas peças de decoração, criava enfeites e construía belíssimos arranjos de flores. Além disso, pintava tecidos, prática essa que ensinava nas aulas de pintura ministradas em um projeto social.

Já aposentada, ela dedicava seu tempo para fazer o bem a todos os que conhecia. Bastavam cinco minutos de conversa para fazer de uma pessoa seu melhor amigo.

Os almoços de domingo eram esperados por todos com ansiedade, Paula adorava cozinhar para a família e atender os desejos de todo mundo. Preparava deliciosos pratos: caldeirada de tambaqui, carne de panela, vatapá, entre outros. Para lembrar da infância, a grande pedida era mingau de banana verde. No entanto, os bolos eram sua grande especialidade, conquistava a todos! Durante todo o tempo, ela contava infinitas piadas e gargalhava tanto que dava gosto de ver. No fim da tarde, todos se sentavam para tomar café e comer bolo de leite, o preferido do sobrinho Pedro.

Um dos momentos mais especiais do dia era quando ela começava a contar suas histórias de vida, todos ouviam com atenção pois ela tinha a capacidade de narrar essas histórias de uma forma incrível. Todas as situações eram relatadas como grandes aventuras. Os inúmeros problemas eram sempre enfrentados por ela e pelos irmãos, como se tivessem sido grandes guerreiros. E de fato eles foram, sobreviveram para contar o que aconteceu e serem exemplos de coragem.

Paula cuidou da mãe com amor incondicional. Dona Glória viveu até os 93 anos com saúde e a família sempre foi muito grata a ela por essa dedicação.

Foi mãe de três filhos: Lúcio Frank, Max e Leonardo, e era casada com Clidemar, que esteve ao seu lado até o último dia.

Muito amada por todos, Paula será sempre lembrada das formas mais lindas: "como a melhor filha, a melhor esposa, a melhor mãe dos três filhos, a melhor sogra das três noras, a melhor avó dos seis netos, a melhor tia dos mais de trinta sobrinhos, a vizinha mais alegre da vila, a professora de artesanato mais atenciosa, a melhor cozinheira da família e como aquela que, apesar de sua infância muito difícil, conseguiu cultivar a alegria dentro de si e construir uma vida vitoriosa", diz sua sobrinha Karla.

Seu sorriso era constante e o som da sua gargalhada era inigualável. Assim ela enfrentava as dificuldades do dia a dia. Nada melhor para descrevê-la do que a frase: "Chorar pra quê, se eu posso rir?"

Paula nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Paula, Karla. Este texto foi apurado e escrito por Millena Mara de Oliveira Pereira, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 7 de outubro de 2020.