Paulo Francisco Collares da Penha

1936 - 2022

Desmanchava-se de amor pelos filhos e pelos netos. Ao pequeno Diogo dizia: "Pode quebrar a casa, meu filho!"

Essa é uma carta aberta de Maria Clara para seu querido sogro:

Ele habitualmente nos perguntava: “É casa ou é apartamento? É longe?” E respondíamos uma, duas, três, quatro vezes... Como se fosse a primeira. Nem sempre ele aparecia. Os dias de hemodiálise eram desgastantes. Era como se a máquina, que lhe mantivesse a vida, também toda a consumisse.

Tomava banho com ajuda. Usava fraldas. Por vezes, teimava zangado. E como teimava... Minha sogra Eliane bem o sabe. Sofria quedas. Pouco a pouco ficava vulnerável e dependente como uma criança. Mas quando via o neto Diogo, logo se reconhecia. Constantemente sorria, perguntava a idade e dizia: “Pode quebrar a casa toda, meu filho”.

Foram muitas as lutas. Para dormir, para acordar, para manter a identidade, para andar, para respirar. Contudo o fôlego lhe faltou. Literalmente. Foram seus últimos sopros de vida. A COVID-19, de que se resguardou até então, não lhe poupou. Mesmo devidamente vacinado.

Desligar-se do corpo frágil foi, na verdade, um bálsamo. Entretanto partir, definitivamente dói para aqueles que aqui ficam. Com lágrimas de dor e saudade, despedimo-nos dos seus olhos azuis – ou verdes, eu nunca tive certeza; porém, como eram bonitos! Que brilhem noutro patamar e enxerguem o que aqui não somos capazes de ver.

Vá com Deus! Mande lembranças à Tia Bá. Abrace os seus pais, por aqui nos abraçaremos à fé do reencontro.
Paulo Colares deixa Eliane, sua esposa, seus quatro filhos: Paola, Gustavo, Alexandre e Guilherme assim como genros, noras e netos.