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Paulo Milesi de Almeida

1953 - 2020

Capturava em imagens tudo o que via; cativava memórias e também os nossos corações.

Paulo, conhecido também como Conde, era um viajante.

Adorava conhecer lugares novos e sair por aí, desbravando a vida com o olhar entusiasmado de quem se interessa pelo novo. Talvez fosse esse o grande motivo de ter se tornado motorista. Assim poderia ter mais tempo para percorrer as ruas e explorar o mundo, mesmo enquanto trabalhava.

Conservava a mania de registrar cada momento que vivia, fotografando e filmando. Guardando consigo, um pouquinho das suas experiências.

Uma dessas experiências era ir ao Maracanã ver o seu Fluminense. Sentava sempre no mesmo lugar da arquibancada para que quem estivesse assistindo à transmissão pudesse encontrá-lo na TV. Ele ainda ligava pra casa, acenando com a mão.

Mas sua grande paixão mesmo era a família. Sua esposa, filhos e netos. Brincalhão, fazia de tudo para estar presente e agradar a todos.

E dava certo... Se tem uma pessoa que foi querida por qualquer um que conhecesse, essa pessoa era ele.

Gostava de ajudar as pessoas a sua volta e era um verdadeiro amigo. Desses que são amigo, amigo mesmo, desses difíceis de encontrar.

Um homem que soube aproveitar a vida e que será sempre uma inspiração para nós aproveitarmos as nossas.

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Como um legítimo Conde às avessas, Paulo preferia guardar momentos e pessoas, ao invés de ouro e dinheiro.

Conhecido como Conde, devido ao seu emblemático cavanhaque, Paulo era dono de uma humildade completamente oposta ao seu título. Sua nobreza não vinha do apelido, mas sim da ótima pessoa que era.

Pai, amigo e chefe de família exemplar, Paulo era um Conde às avessas: ao invés de viver na boemia, à custa de heranças da nobreza - como a maioria dos condes o faz nas histórias -, ele sempre trabalhou duro para dar tudo de melhor para a família e para estender suas mãos amigas a quem necessitasse.

Aposentou-se por invalidez, ficou diabético, amputou um dedo do pé e, de lá para cá, resolveu aproveitar mais a vida: passou a fazer viagens anuais com a esposa e começou a procurar os amigos antigos.

Sempre alegre, festeiro, adorava fazer um monte de perguntas para todo mundo, filmar tudo e tirar fotos. Ao invés de guardar ouro e dinheiro, o Conde preferia guardar momentos e pessoas.

Tinha o costume jogar semanalmente na loteria, na esperança de que, em um futuro próximo, seria ele o sortudo da vez. Aproveitou a vida ao máximo e deixou uma saudade enorme para a família e amigos.

Paulo nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filhos de Paulo, Paulo Renato e Michelli Milesi de Almeida. Este texto foi apurado e escrito por Julia Nogueira, Viviane França, editado por Letícia Fortes, revisado por Monelise Vilela e Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 10 de agosto de 2020.