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Paulo Rodrigues da Silva

1972 - 2021

Tinha o talento raro de apaziguar os ânimos, cuidar de todos e ainda ser o maior piadista da família.

A melhor forma de descrever Paulo é pelo seu bom humor - um tiquinho infantil -, que conquistava a família toda, nas palavras da irmã Janete: “Era uma piada interna nossa. Às vezes ele chegava em casa e eu falava, por exemplo, ‘Vou fazer um café’, aí ele repetia ‘Janete, tive uma ideia agora, por que você não faz um café pra gente?’”. Com suas piadinhas, mensagens e ligações todas as noites, Paulo demonstrava o carinho que nutria pelos irmãos, tão unidos desde a infância.

União que prevalecia em qualquer situação, inclusive nas travessuras de criança. Janete conta: “Eu tinha mais ou menos uns cinco anos e ele seis, morávamos em uma cidade chamada Anicuns, em Goiás. Uma vez, a gente foi para uma fazenda, era uma fazenda de uns vizinhos nossos, eles tinham se mudado para lá e nós mentimos para eles falando que o nosso pai tinha deixado a gente ir. Foi muito especial porque a gente se divertiu muito nessa fazenda, subiu em árvore, pulou no rio, corria, bebeu leite de vaca, coisas que a gente nunca tinha feito na infância. Isso sem meu pai nem minha mãe saber de nada. Não teve maldade, foi coisa de criança. Paulo era um menino travesso, que gostava de aproveitar a vida, mesmo que isso lhe custasse alguns dias de castigo."

Já adulto, colocava a família acima de qualquer coisa, até mesmo de suas crenças pessoais. Uma pessoa de muita fé que acreditava em Deus independentemente de instituições religiosas e não temia defender seus ideais políticos e de justiça social. Ainda assim, quando surgiam inevitáveis discordâncias entre ele e seus 17 irmãos, Paulo era aquele que mantinha todos conciliados, sempre com seu coração perdoador disposto a acolher as diferenças. “Ele poderia brigar com você e daqui a pouquinho isso pra ele já era passado”, diz a irmã.

Seu jeito amoroso de ser florescia igualmente nos cuidados dedicados a seus filhos. Tanto quanto podia, foi um pai presente na vida dos três, sempre de braços abertos para receber e cuidar deles com carinho. Era disso que Paulo mais gostava, de estar com a família. Claro que também guardava um tempinho para seus outros passatempos favoritos: maratonar Brooklyn 99 e curtir um bom churrasco.

Paulo usava o talento para a conciliação também em sua loja de revenda de motos. Adquiriu uma extensa experiência com comércio – foi vendedor desde muito jovem, trabalhou em lojas de móveis e foi representante comercial. Toda essa vivência profissional fez dele um profissional com grande competência, e ele se apoiou nela para abrir a loja com o irmão mais novo Humberto; com o passar do tempo passou a tomar conta de tudo sozinho. Hoje, deixa seu legado através do filho Elvis; é o rapaz quem cuida da loja de motos do pai.

Dessa forma Paulo marcou todos que o conheceram e seu jeito bondoso será sempre relembrado.

Paulo nasceu em Turvânia (GO) e faleceu em Goiânia (GO), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela Irmã de Paulo, Janete Rodrigues da Silva. Este tributo foi apurado por Brenda de Oliveira Teixeira, editado por Brenda de Oliveira Teixeira, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 10 de dezembro de 2021.