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Pedro Alcântara Carneiro

1943 - 2020

Um médico interiorano, que falava alto e adorava reunir os amigos. Lutou por um mundo mais justo.

Médico no interior do Pará, Pedro consultava por amor e nunca deixou de atender quem quer que fosse por falta de pagamento. Muitas vezes não recebia dinheiro, mas um “muito obrigado, doutor” ou um pato, uma galinha ou alguns ovos lhe bastavam, conta a filha Débora.

Trabalhou por quase quarenta anos em Igarapé-Miri. Foi respeitado e amado por todos na cidade, que está de luto com sua partida.

Pai de seis filhos, avô de quatro netos e sogro de quatro genros, além dos muitos sobrinhos, Pedro amava ver a família e os amigos reunidos.

Simples e humilde, tinha um caráter e uma inteligência invejáveis: grande conhecedor de todas as áreas, foi apaixonado por livros e conhecimento. "Ele era um Google ambulante e nunca aceitou algo que fosse contra suas ideologias e honestidade", relata Débora.

Pedro admirava o marxismo. Com seu pensamento comunista, lutou e foi preso durante a ditadura militar, sofrendo duras penas e perseguições por lutar pelo direito à democracia. "Nem um livro sobre sua vida seria suficiente para expressar como ele foi imprescindível. Homem íntegro e digno, médico que exercia a Medicina com maestria, brilhantismo e humanidade", diz a filha.

Pedro partiu fazendo o que mais amava: lutava na linha de frente contra o coronavírus. Com certeza, o mundo ficou um pouco menos cruel graças a sua valiosa contribuição.

Pedro nasceu em Tucuruí (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Pedro, Débora Monteiro Carneiro. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Maurício de Almeida, revisado por Daniel Schulze e moderado por Rayane Urani em 18 de agosto de 2020.