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Pedro Batista Lima

1953 - 2021

Certa vez recebeu dois reais a mais por seus serviços, ao notar o engano, correu atrás da cliente para devolver o dinheiro.

Pedro tinha 32 anos quando começou a tirar fotos aos finais de semana, porquanto trabalhava e seu tempo era corrido. Nesse período ele gostava de registrar momentos com os amigos, da família e de sua cidade. Dado certo momento, foi desligado de seu emprego e começou a fotografar profissionalmente. Assim, ele começou a tirar fotos de casamentos, aniversários, festas juninas nas escolas e batizados. Se encontrou na profissão, e isso só prova, que às vezes certas coisas dão errado para que outras melhores se iniciem.

"Ele tinha prazer no que fazia, se arrumava todo, quando tinha algum evento para fotografar", relembra sua filha Francieli. Teve uma infância muito simples, sua família não tinha muitas opções do que comer ou vestir, mas nunca lhes faltou amor. Após crescidos, ele e alguns dos seus irmãos saíram do interior da Bahia para construir uma vida melhor em São Paulo. E conseguiram!

Seu Pedro foi pai do Jailton, Francieli e Cris. Viveu um lindo casamento por 36 anos, e cumpriu os votos de seu casamento, que só a morte podia os separar. Avô apaixonado da Maria Eduarda, Mariana e Matheus.

Sabia fazer de tudo: banquinhos, mesinhas de madeiras, seu último trabalho foi uma de churrasco e ele amou cada processo da construção. Já foi pintor e carpinteiro. "O que muitos achavam que era lixo, ele transformava em coisas lindas", conta Franciele.

Foi constantemente o maior incentivador para as pessoas que ele amava. "Eu trabalhava em uma empresa em que saía às 18h40min, porém precisava estar às 19h em outra cidade para as aulas. Então, diariamente ele me esperava em frente do meu trabalho para me levar e eu poder chegar a tempo na faculdade", diz Francieli. Ela se formou em Fisioterapia um mês após sua partida, não pode prestigiá-la, contudo ela tinha certeza que ele estaria feliz. "Falaria todo orgulhoso para o mundo inteiro que a filha dele se formou".

Assim que a saudade aperta, seus familiares pegam suas blusas, porque seu cheiro ainda está nelas e imaginam que ainda está ao lado deles.

Os 68 anos que o mundo teve seu Pedro Batista foram um privilégio e aprendizado dia após dia. Com uma eterna alma de menino, adorava conversar sobre política, tinha uma risada fácil, fazia amigos até nas filas de banco. Um homem com gênio forte, todavia que odiava brigas.

Sentem falta da sua alegria, amor, cuidado, companhia e piadas internas. Lamentam profundamente por não terem podido fazer uma despedida à sua altura. As lembranças de suas risadas e entusiasmo com a vida, jamais serão esquecidas.

Pedro nasceu em Ipirá (BA) e faleceu em Santos (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Pedro, Francieli Batista Lima. Este tributo foi apurado por Luma Garcia, editado por Luma Garcia, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 8 de fevereiro de 2022.