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Pedro Francisco de Almenau

1950 - 2021

Fez do sítio, em sua terra natal, seu local de refúgio e terapia longe da cidade grande.

Pedro Francisco foi o segundo de uma família composta por quatro filhos. Para vencer a fome, começou a trabalhar muito cedo, e desde então, jamais parou, fez do trabalho a sua vida e a sua forma de fazer a diferença na vida das pessoas.

Sempre contava que seu primeiro emprego foi em uma oficina de bicicletas, mas que a empresa que verdadeiramente havia lhe conquistado foi a empresa de eletrodomésticos onde trabalhou por 52 anos, sendo reconhecido por todos como um exemplo.

Por muitos anos também fez parte da diretoria de um sindicato laboral em Joinville, da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos. Pedro Francisco foi mais que um funcionário dedicado, foi guerreiro na luta pelos direitos dos trabalhadores.

Muitos questionavam o porquê de ele nunca parar de trabalhar, já que era aposentado, mas ele sempre dizia que seguia trabalhando pela família, para continuar realizando os sonhos das pessoas que mais amava, inclusive ajudando a pagar os estudos de todos os netos.

“Meu avô foi uma pessoa incrível, com quem pude aprender muito. Sua maior paixão na vida era estar em família, tanto que se me pedissem para defini-lo em uma palavra, seria família”, conta o neto, Murilo Henrique.

Seu maior orgulho não era apenas falar sobre a família, os estudos e as qualidades de cada um, mas, acima de tudo, estar com ela. Aos finais de semana, era sagrada a ida à sua terra natal, para visitar o sítio e aproveitar a tranquilidade.

Dono de uma imensa fé e devoto de Nossa Senhora Aparecida e de Santa Catarina, peregrinava anualmente à Basílica de Aparecida, mesmo quando teve de se afastar se manteve firme e ainda encontrava forças para brincar, dizendo que nunca havia tirado férias tão longas.

De um jeito simples e muito humilde, cativava a todos ao seu redor, ajudando os que precisam e fazendo sempre o bem. Não à toa, Murilo Henrique acredita que o avô recebeu o céu como recompensa.

O neto lamenta que o avô não poderá estar ao seu lado em sua formatura, mas garante que os ensinamentos por ele deixados seguirão vivos em seu coração. “Ele me falava sobre o tipo de médico que ele não gostaria que eu fosse e me lembrava que cada paciente era o amor da vida de alguém”.

“Vô, as suas palavras seguirão comigo, guiando os meus passos. Me prometa também que não se esquecerá de que você é e sempre será o amor e o orgulho da nossa família”.

Pedro nasceu em Guaramirim (SC) e faleceu em Joinville (SC), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo neto de Pedro, Murilo Henrique dos Santos. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 22 de maio de 2021.