1958 - 2021
Sempre teve um grande senso de humor. Era a companhia ideal para conversas longas e engraçadas.
Pedrinho foi o caçula dos oito filhos de Maria e Raimundo Moreira. Seu pai, o Seu Moreira, "no muque, na raça e na coragem" batalhou muito para que a família tivesse um pedaço de chão. Segundo ele, "um bom lavrador nunca perde a esperança de trabalhar no que é seu".
E foi nesse chão mato-grossense, em meio a laranjais e bananeiras, que Pedro desbravou sua infância junto aos irmãos Juvenal, Ivo, José, Francisco, Luiz, Vicente e Aristeu, caçando na palhada, tomando banho nos ribeirinhos e acompanhando os programas noturnos do radialista Edgard de Souza e o noticiário "Repórter Esso".
Pedro sempre foi muito dedicado ao trabalho, característica que, assim como seus irmãos, herdou de seu pai. Já adulto, mudou-se para São Paulo para trabalhar na área de construção civil. A paisagem da grande metrópole leva sua marca. Além de ter trabalhado por anos com a venda de material de construção, também construiu muitas casas da cidade.
Teve quatro filhos. Três filhas que carregam seu sangue e um filho do coração, que Pedro registrou alguns anos antes de partir. Foi um pai amoroso e prestativo, e demonstrava esse amor aos filhos de forma genuína. Fazia questão de estar presente na vida deles. A filha Jamila conta que mesmo depois que ela se mudou para Santa Catarina eles se falavam todos os dias e, ainda que de longe, conseguiam compartilhar o dia a dia um do outro. Avô orgulhoso, os netos Mariah e Pedro Henrique eram sua grande paixão. Contava os dias para encontrar os pequenos. Gostava de acompanhar o crescimento deles.
Tinha um jeito protetor muito forte, herdado de sua mãe, Maria. As filhas lembram que Pedro era de uma boa vontade imensa. Estava sempre pronto a ajudar quem precisasse, mesmo que muitas vezes não fosse compreendido e fosse julgado por doar-se em exagero. Embora fosse separado da mãe de seus filhos, por exemplo, nunca deixou de ajudá-la. Seu lema era: "Seja bondoso sempre!" A filha Marília conta que leva consigo o exemplo de seu pai, de doação e amor incondicional ao próximo.
Para seus amigos, sempre foi muito leal. Gostava de jogar baralho na praça com sua turma: Leco, João Bode e Levi. Também era fã de uma pescaria. Mesmo morando em São Paulo, era um entusiasta dos "Encontros de Amigos de Glória de Dourados', sua cidade natal. Participava de todas as edições. Perto de sua turma — Ézio, Cido Serafim, Nelson Pereira e Antônio Araújo — seu jeito calado logo se desfazia.
Não perdia seu jeito alegre até mesmo nas situações que, normalmente, seriam de esgotar a paciência. Como quando seu irmão Aristeu convidava Pedro para viajar e chegava atrasado, com o carro lotado de bagagens.
Porém, ele também sabia ter conversas sérias, sendo esse mais um dom herdado de Seu Moreira. Pedrinho era possuidor de grande sabedoria e os filhos gostavam de ouvir seus conselhos. Mesmo às vezes falando em tom de brabeza, sua opinião era sempre para o bem de todos. Era, na verdade, o espírito protetor agindo mais uma vez.
Pedro nasceu em Dourados (MS) e faleceu em São Paulo (SP), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelas filhas de Pedro, Jamila Moreira Regis e Marília Moreira e Silva. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Marília Ohlson, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 19 de novembro de 2021.