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Pedro Paulo Guimarães Santos

1947 - 2020

Dono de frases engraçadas e de milhares de histórias antigas, alegrava qualquer ambiente.

Conhecido por suas inúmeras histórias, por gostar de um bom bate-papo, de batidas e cachaça; piada também era com ele ─ tinha sempre uma guardada na cartola.

Apesar de falante, não sabia expressar seus sentimentos e sempre se fazia de durão. "Reclamava quando eu e mamãe assistíamos ao Especial do Roberto Carlos, mas se emocionava com as músicas", relembra a filha Flávia, sorrindo.

Por fora, era o super-homem, mas por dentro era um coração de manteiga.

Aposentado, candidatou-se a síndico do prédio e assim permaneceu por dez anos, comandando com punhos de aço. Conhecia todos os moradores por nome e sobrenome, e era muito querido. Na função, recebeu carinhosamente o apelido de Síndico Bigode Grosso, por conta do bigode de longa data que cultivava.

Era perfeccionista e trabalhou muitos anos com artesanato em madeira. Todas as peças tinham um acabamento perfeito e, se alguém se propusesse a ajudá-lo, tinha que fazer exatamente como ele fazia, senão não estava bom.

"Temos milhares de histórias engraçadas juntos, vou contar a última: Casei em maio de 2019 e, na véspera do meu casamento, levamos papai para a emergência, pois não se sentia bem há dias. Chegando lá, a médica diagnosticou pneumonia e queria interná-lo por causa da idade. Ele então virou pra médica e disse rindo: 'Não, doutora, minha filha desencalha amanhã e tenho que levá-la ao altar pra ter certeza que o noivo não vai desistir'. Esse era meu pai, sempre fazendo piada de tudo!", relata Flávia.

Sobre seus sonhos, não falava. Apesar de alegre, falante e brincalhão era também muito fechado quanto aos seus sonhos e sentimentos.

"Partiu de uma hora para outra, nos restando apenas a possibilidade de uma rápida despedida por mensagem de áudio e deixando um vazio enorme em nossas vidas. Descanse em paz! Te amamos!", despede-se a filha.

Pedro nasceu em Niterói (RJ) e faleceu em Niterói (RJ), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Pedro, Flávia Cristina Guimarães Santos. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 16 de dezembro de 2020.