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Porfirio Almeida Lemos Filho

1948 - 2021

Um apaixonado pelo Amazonas, onde amava passear de barco e estar rodeado de amigos.

Ele era um homem extremamente alegre, falante e galanteador. Com sua boa conversa e um sorriso sempre estampado no rosto, vivia cercado por amigos antigos ou então conquistando novas amizades.

Teve que batalhar arduamente desde muito cedo, por isso não fez curso superior quando jovem. Na adolescência, trabalhou em feiras e oficinas de carro, inclusive na de seu próprio pai. Na vida adulta, tornou-se empresário e acabou sendo proprietário de uma das maiores empresas de terraplanagem do Amazonas nas décadas de 1980 e 90. Por conta de questões políticas vendeu a empresa em 1997 e decidiu investir no que tinha sido um sonho da vida inteira: fazer um curso de Direito.

Em busca desse sonho iniciou a faculdade junto com a filha Adriana e em seus cinco anos de estudo foi extremamente feliz adquirindo conhecimentos, amigos e experiências! Ela se recorda desse tempo contando: "Quando eu entrei na faculdade, em 1997, meu pai tinha se aposentado e decidiu fazer o curso de Direito comigo. Estudamos juntos, na mesma sala, por cinco anos, o que nos rendeu uma convivência muito especial e lindas histórias. Na nossa turma ele era conhecido pela fama de namorador e, na faculdade, as pessoas que não me conheciam, pensavam que éramos namorados. Outro fato divertido, é que muitas colegas de infância, que sempre o chamaram de tio, estudavam conosco. Então, na faculdade, ele proibiu terminantemente que o chamassem de tio, tinha que ser primo. No fim, acabou sendo apelidado carinhosamente de Tigrão. Nós nos formamos juntos e passamos no mesmo exame da Ordem dos Advogados".

Depois de formado, Porfírio ocupou função pública na esfera municipal. Batalhador, empenhava-se profundamente nas atividades em que se envolvia. Exerceu o cargo de Secretário de Obras do município de 2005 a 2007 e nessa função mais uma vez mostrou a força do seu caráter, hombridade e coragem.

Pai amoroso de Adriana e de Porfirio Neto, foi surpreendido pela vida quando, aos 57 anos, teve a caçula Beatriz, o seu xodó. Possuía uma relação muito afetuosa com o genro, Victor, que também considerava um filho, e que esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis. Mais tarde, tornou-se um avô apaixonado pelas netas, Maria Fernanda e Maria Carolina e, nos últimos tempos, dedicava a maior parte do seu tempo para as meninas.

Divertia costumeiramente a família e os amigos com suas histórias fabulosas e a sua alegria contagiante. O jeito acolhedor com que tratava a todos fazia inclusive com que os amigos de seus filhos o adorassem. Nas horas livres, estava sempre cozinhando algo, escutando boa música ou dando passeios em sua lancha. Vaidoso, estava sempre se cuidando e participou de corridas até os 65 anos. Apaixonado pelo Botafogo, era sócio torcedor do Clube da Estrela Solitária.

Adriana conta que, nos últimos tempos, decidiu cantar e que: "apesar de pouco usufruir desse dom, nos fazia ouvir suas cantorias completamente desafinadas. Toda vez que nós escutamos a canção 'O Bom' de Eduardo Araújo, nos recordamos dele dançando essa música e interpretando-a como se fosse o próprio personagem da canção:

[...] "Meu carro é vermelho
Não uso espelho pra me pentear
Botinha sem meia
E só na areia eu sei trabalhar

Cabelo na testa, sou o dono da festa
Pertenço aos Dez Mais
Se você quiser experimentar
Sei que vai gostar

Quando eu apareço o comentário é geral
- Ele é o bom, é o bom demais
Ter muitas garotas para mim é normal
Eu sou o bom, entre os Dez Mais".

Porfírio amava viver. Amava os filhos. Amava as netas. Era digno, justo e com seu senso de lealdade defendia os amigos e não fugia de uma boa discussão, ainda mais quando tinha razão. Era admirado pela coragem, pela alegria, pela forma linda como levava a vida. Era um homem apaixonado pelo Amazonas. Cheio de histórias, era sempre destaque por onde passava.

De todos os ensinamentos e exemplos que deixou, Adriana destaca: "durante toda a vida, nos deu diversos ensinamentos sobre respeito e honestidade. Sem imaginar, tornou-se o nosso maior exemplo de alegria e nos impulsionou a sermos agregadores, onde quer que estejamos".

Porfirio nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Porfirio, Adriana Gomes Lemos Dantas de Goes. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 1 de dezembro de 2022.